Política e paz
Ensina-nos o Catecismo Católico (N. 1765):
“A paixão mais fundamental é o amor provocado pela atração do bem. O amor causa
o desejo do bem ausente e a esperança de consegui-lo. […] A percepção do mal
provoca ódio, aversão e medo do mal que está por chegar”.
Nosso contexto exige temperança, sabedoria.
Todo sábio é humilde porque conhece os limites do próprio saber e, na
humildade, respeita o saber alheio. Ninguém tem bola de cristal sobre o futuro
da própria vida e sobre o bem da Nação! Assim, é importante ter um
posicionamento político calcado em julgamento crítico dos candidatos e de suas
respectivas propostas, mas é indispensável respeitar a opção daqueles que
pensam diferente.
Deve-se, sem dúvida, fundamentar, na
verdade, a própria opção política, livre de toda e de qualquer possível forma
de manipulação. O “dai a César o que é de César” (Lc 20, 25) nos ensina a ser
cidadãos responsáveis pelo bem da Nação sem, no entanto, tomar como verdade
absoluta a própria opção política. Essa, por sua própria natureza, exige o
respeito à opinião alheia. Não nos esqueçamos de que o contrário disso fere a
democracia e a liberdade de escolha, primeira opção da alma.
Não nos esqueçamos de que as opções
políticas passam: candidatos, antes adversários que se insultavam publicamente,
unem-se, posteriormente, por interesses novos. A opção política não pode, pois,
ferir nossas amizades, que são uma conquista preciosa na história de nossas
vidas.
O processo eleitoral passa, mas as amizades
verdadeiras são duradouras, permanecem, fazem parte de nosso patrimônio
espiritual. Uma boa amizade é infinitamente mais valiosa que o peso
de uma opção política transitória.
Sejamos bons cidadãos e fiéis em nossas
amizades. Quem tem um amigo tem um tesouro! Sejamos responsáveis em nossa
opção, mas saibamos também respeitar a opção do semelhante, ainda que diversa
da nossa. Cultuemos a paz!
Dom João Bosco Óliver de Faria - Arcebispo Emérito de Diamantina (MG)
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