“Precisamos
tirar
a Declaração Universal dos Direitos Humanos do papel”
Neste dia
Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, o bispo de Lajes (SC) e
presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Guilherme Werlang
considera que é necessário avançar em muitos pontos de que trata a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário e que completa 70
anos. Isto, segundo ele, se faz por meio de políticas públicas nacionais que
garantam que os direitos possam ser aplicados na prática.
Mural construído na Estação Galeria do Metrô de Brasília
por crianças do Centro Educação Gisno e o Centro Educacional 11
ambos da da Ceilândia (DF). Fotos: Willian Bonfim
|
Segundo dom
Guilherme, a vida digna supõe nascer em uma família bem constituída e com
estabilidade. “Precisamos, no Brasil, avançar muito para que a vida digna seja
um direito de todos os brasileiros e brasileiras e não somente dos cerca de 10%
que têm dinheiro, capital e condições de pagar para terem dignidade. A
dignidade da vida é um direito que assiste a todos. Estamos muito aquém do que
precisamos”, disse.
O direito à
segurança alimentar também foi apontado por ele como um ponto em que o Brasil
precisa avançar. “É muito diferente comer e alimentar-se. O ser humano, para
alimentar-se, precisa ter acesso às vitaminas, proteínas, sais minerais. Esta é
uma das questões nas quais mais o Brasil precisa avançar”, aponta.
Educação, saúde
e lazer também são direitos aos quais o Brasil precisa avançar na oferta de
qualidade. Segundo o bispo, o lazer é um grande direito negado à grande maioria
do povo brasileiro porque ele é restrito a quem tem condições de pagar.
Liberdade
religiosa
Num contexto de acirramento de ódios, dom Guilherme avalia ser
necessário o Brasil avançar muito para assegurar o direito à liberdade
religiosa. Esta liberdade religiosa integra o direito à cultura também
defendido por dom Guilherme. “No processo da globalização, as culturas das nações
mais ricas se sobrepõem às demais. Estão matando culturas e tradições
milenares”, disse.
No país com a
quarta maior população carcerária, onde 600 mil presos vivem em vagas para
apenas 300 mil, o religioso diz ser necessário avançar para garantir a dignidade
das pessoas presas. Ele defende que é necessário, os presos, após o devido
processo de julgamento, pagar por suas penas. “As prisões não podem ser
depósitos humanos”, disse. Para ele, os presídios no Brasil precisam melhorar
muito para assegurar a dignidade humana.
Outro aspecto ao
qual o presidente da Comissão para Ação Transformadora da CNBB chama atenção é
para o direito à segurança pública e a não violência. “Temos que avançar
internacionalmente de que as nações mais ricas respeitem as nações mais pobres”.
Por fim, neste Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado dia 10 de
dezembro, dom Guilherme retoma as palavras do papa Francisco por ocasião do
encontro que promoveu, em Roma, com os movimentos sociais: “Precisamos garantir
o direito ao teto, à terra e ao trabalho. Nenhuma pessoa sem teto, nenhuma
pessoa sem terra e sem trabalho”.
.................................................................................................................................................
Fonte: cnbb.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário