O Espírito cria a verdadeira unidade, a unidade na diferença
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu este domingo 4 de junho na Praça São
Pedro a Santa Missa pela Solenidade de Pentecostes. Eis sua homilia na íntegra:
“Chega hoje ao
seu termo o tempo de Páscoa, desde a Ressurreição de Jesus até ao Pentecostes:
cinquenta dias caracterizados de modo especial pela presença do Espírito Santo.
De fato, o Dom pascal por excelência é Ele: o Espírito criador, que não cessa
de realizar coisas novas. As Leituras de hoje mostram-nos duas novidades: na
primeira, o Espírito faz dos discípulos um povo novo; no Evangelho, cria nos
discípulos um coração novo.
Um povo novo. No
dia de Pentecostes o Espírito desceu do céu em «línguas, à maneira de fogo, que
se iam dividindo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos foram cheios do
Espírito Santo e começaram a falar outras línguas» (At 2, 3-4). Com estas
palavras, é descrita a ação do Espírito: primeiro, pousa sobre cada um e,
depois, põe a todos em comunicação. A cada um dá um dom e reúne a todos na
unidade. Por outras palavras, o mesmo Espírito cria a diversidade e a unidade
e, assim, molda um povo novo, diversificado e unido: a Igreja universal. Em
primeiro lugar, com fantasia e imprevisibilidade, cria a diversidade; com
efeito, em cada época, faz florescer carismas novos e variados. Depois, o mesmo
Espírito realiza a unidade: liga, reúne, recompõe a harmonia. «Com a sua
presença e ação, congrega na unidade espíritos que, entre si, são distintos e
separados» (CIRILO DE ALEXANDRIA, Comentário ao Evangelho de João, XI, 11). E
desta forma temos a unidade verdadeira, a unidade segundo Deus, que não é
uniformidade, mas unidade na diferença.
Praça São Pedro neste domingo |
Para se
conseguir isso, ajuda-nos o evitar duas tentações frequentes. A primeira é
procurar a diversidade sem a unidade. Sucede quando se quer distinguir, quando
se formam coligações e partidos, quando se obstina em posições excludentes,
quando se fecha nos próprios particularismos, porventura considerando-se os
melhores ou aqueles que têm sempre razão. Desta maneira escolhe-se a parte, não
o todo, pertencer primeiro a isto ou àquilo e só depois à Igreja; tornam-se
«adeptos» em vez de irmãos e irmãs no mesmo Espírito; cristãos «de direita ou
de esquerda» antes de o ser de Jesus; inflexíveis guardiães do passado ou
vanguardistas do futuro em vez de filhos humildes e agradecidos da Igreja.
Assim, temos a diversidade sem a unidade. Por sua vez, a tentação oposta é
procurar a unidade sem a diversidade. Mas, deste modo, a unidade torna-se
uniformidade, obrigação de fazer tudo juntos e tudo igual, de pensar todos
sempre do mesmo modo. Assim, a unidade acaba por ser homologação, e já não há
liberdade. Ora, como diz São Paulo, «onde está o Espírito do Senhor, aí está a
liberdade» (2 Cor 3, 17).
Então a nossa
oração ao Espírito Santo é pedir a graça de acolhermos a sua unidade, um olhar
que, independentemente das preferências pessoais, abraça e ama a sua Igreja, a
nossa Igreja; pedir a graça de nos preocuparmos com a unidade entre todos, de
anular as murmurações que semeiam cizânia e as invejas que envenenam, porque
ser homens e mulheres de Igreja significa ser homens e mulheres de comunhão; é
pedir também um coração que sinta a Igreja como nossa Mãe e nossa casa: a casa
acolhedora e aberta, onde se partilha a alegria multiforme do Espírito Santo.
E passemos agora
à segunda novidade: um coração novo. Quando Jesus ressuscitado aparece pela
primeira vez aos seus, diz-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem
perdoardes os pecados, ficarão perdoados» (Jo 20, 22-23). Jesus não condenou os
seus, que O abandonaram e renegaram durante a Paixão, mas dá-lhes o Espírito do
perdão. O Espírito é o primeiro dom do Ressuscitado, tendo sido dado, antes de
mais nada, para perdoar os pecados. Eis o início da Igreja, eis a cola que nos
mantém unidos, o cimento que une os tijolos da casa: o perdão. Com efeito, o
perdão é o dom elevado à potência infinita, é o amor maior, aquele que mantém
unido não obstante tudo, que impede de soçobrar, que reforça e solidifica. O
perdão liberta o coração e permite recomeçar: o perdão dá esperança; sem
perdão, não se edifica a Igreja.
O Espírito do
perdão, que tudo resolve na concórdia, impele-nos a recusar outros caminhos: os
caminhos apressados de quem julga, os caminhos sem saída de quem fecha todas as
portas, os caminhos de sentido único de quem critica os outros. Ao contrário, o
Espírito exorta-nos a percorrer o caminho com duplo sentido do perdão recebido
e dado, da misericórdia divina que se faz amor ao próximo, da caridade como
«único critério segundo o qual tudo deve ser feito ou deixado de fazer,
alterado ou não» (ISAAC DA ESTRELA, Discurso 31). Peçamos a graça de tornar o
rosto da nossa Mãe Igreja cada vez mais belo, renovando-nos com o perdão e
corrigindo-nos a nós mesmos: só então poderemos corrigir os outros na caridade.
Peçamos ao
Espírito Santo, fogo de amor que arde na Igreja e dentro de nós, embora muitas
vezes o cubramos com a cinza das nossas culpas: «Espírito de Deus, Senhor que
estais no meu coração e no coração da Igreja, Vós que fazeis avançar a Igreja,
moldando-a na diversidade, vinde! Precisamos de Vós, como de água, para viver:
continuai a descer sobre nós e ensinai-nos a unidade, renovai os nossos
corações e ensinai-nos a amar como Vós nos amais, a perdoar como Vós nos
perdoais. Amém”.
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Francisco:
Francisco:
Que o Espírito dê paz ao mundo inteiro,
cure as chagas da guerra e do terrorismo
Cidade do
Vaticano (RV) – “Que o Espírito dê paz ao mundo inteiro; cure as chagas
da guerra e do terrorismo, que também esta noite, em Londres, atingiu civis
inocentes: rezemos pelas vítimas e familiares”.
No Regina
Coeli deste Domingo, após presidir a Celebração Eucarística da Solenidade
de Pentecostes, o Papa Francisco expressou sua proximidade às vítimas de mais
um ato terrorista, desta vez em Londres, que na noite de sábado matou sete
pessoas e feriu outras 48.
O Santo Padre
também recordou a publicação este domingo de sua mensagem para o próximo Dia Mundial das Missões, a ser
celebrado em 22 de outubro, e que tem por título “A missão no coração da
fé cristã”.
“Que o Espírito
Santo sustente a missão da Igreja no mundo inteiro e dê força a todos os
missionários e as missionárias do Evangelho”, disse Francisco.
O Papa também
saudou os peregrinos provenientes da Itália e de muitas partes do mundo, em
particular, os grupos da Renovação Carismática Católica, que festeja o 50º
aniversário de fundação, assim como “os irmãos e irmãs de outras confissões
cristãs que se unem à nossa oração”, e as Filhas de Maria Auciliadora dos
países latino-americanos.
O coral e a
orquestra de adolescentes da cidade italiana Carpi, que em colaboração com a
Capela Sistina entoaram alguns cantos durante a celebração, também receberam a
atenção do Pontífice, em sua saudação.
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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