A urgência mistagógica
“A identidade
cristã de muitos católicos é fraca e vulnerável. Há uma multidão de batizados e
não evangelizados. Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato
com Jesus Cristo e as convidando para segui-lo, ou não cumpriremos nossa missão
evangelizadora”.
Foram com essas
contundentes palavras que os bispos das dioceses de toda a América Latina
pronunciaram, em 2007, na Conferência de Aparecida (n. 286 e 287), a
preocupação de toda a Igreja com o processo de formação catequética. O fato é
que se formam muitos batizados, porém poucos são verdadeira e profundamente
evangelizados.
Essa constatação
inicial advinda da realidade, por mais dolorosa que possa parecer, é
necessária. Se não reconhecermos nossas limitações ante a urgência da
evangelização, não se terá condições de encontrar estratégias e caminhos
pastorais para uma nova catequese. O Apóstolo dos Gentios reconheceu: “Ai de
mim se eu não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16), dizendo isso aos cristãos
recém-convertidos que estavam habitando a cidade de Corinto, na Grécia, um dos
lugares onde o Evangelho encontrou-se com os mais arraigados costumes e as
visões teológicas presentes no antigo paganismo.
Iniciação à Vida Cristã |
Por essa
fundamental razão é que a Igreja, enviada por Cristo para também tornar Sua
presença viva e atuante em todo o mundo, preocupa-se com a Evangelização das
crianças, dos jovens e também dos adultos. Não se está buscando exatamente a
conversão dos que não são católicos, mesmo que esse movimento de conversão
também seja querido e esperado. Quantos católicos, que professam a fé católica,
que foram batizados na Igreja Católica, e muitos desses foram crismados e
receberam outros sacramentos da Graça, talvez, desconhecem a grandeza da
Verdade da Fé da qual a Igreja se tornou a única e fiel depositária!
Se a nossa
Catequese, se o nosso Ritual de Iniciação Cristã de Adultos conseguir atingir a
consciência, o coração, formar novos valores nos católicos que se encontram
mais afastados da vida eclesial, já teremos alcançado em muito o grande
objetivo de fazer com que o mundo conheça Jesus Cristo e todo o conjunto de
verdades teológicas e morais que emanam da sua vida, pregação e missão.
A missão é de
todos. Nesse tocante, todos são catequistas. E toda a catequese, mais do que um
conjunto, às vezes pobre de técnicas, deve ser verdadeiramente contagiante de
toda a sociedade, de todas as famílias, de todos em todos os lugares,
convidando-os a vir participar da vida eclesial, e, dentro das nossas igrejas,
participar com consciência, vivo entusiasmo e ampla e profunda formação, dos
mistérios da fé aprendidos e dignamente celebrados.
Com a Iniciação
Cristã em nossa Arquidiocese todos os organismos e pastorais devem estar
envolvidos, cada qual segundo a porção da missão específica que lhe é confiada.
A formação continuada deve tocar o coração dos adultos, tantas vezes formados
com significativa competência profissional e técnica em suas áreas, mas que se
veem, como constatado em Aparecida, com uma notória pobreza de formação cristã
fundamentada e profunda que lhes assegure no mundo a identidade de discípulos
de Cristo, um dia admitidos na Sua Igreja, por meio dos sacramentos da
iniciação cristã que assinalaram em suas frontes e em seus corações a marca do
Cordeiro imolado, no qual todos são filhos e filhas do Pai Eterno.
Dom Washington
Cruz, CP - Arcebispo de Goiânia
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Fonte: cnbb.net.br Ilustração: albiofabian.blogspot.com.br
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