sexta-feira, 8 de abril de 2022

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor:

Leituras e Reflexão

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Evangelho antes da Procissão com os Ramos:  Lc 19,28-40

Proclamação do Evangelho de São Lucas:

Naquele tempo, Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém. Quando se aproximou de Betfagé e Betânia, perto do monte chamado das Oliveiras, enviou dois de seus discípulos, dizendo: “Ide ao povoado ali na frente. Logo na entrada, encontrareis um jumentinho amarrado, que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui. Se alguém, por acaso, vos perguntar: ‘Por que desamarrais o jumentinho?’, respondereis assim: ‘O Senhor precisa dele’”. Os enviados partiram e encontraram tudo exatamente como Jesus lhes havia dito. Quando desamarravam o jumentinho, os donos perguntaram: “Por que estais desamarrando o jumentinho?” Eles responderam: “O Senhor precisa dele”. E levaram o jumentinho a Jesus. Então puseram seus mantos sobre o animal e ajudaram Jesus a montar. E, enquanto Jesus passava, o povo ia estendendo suas roupas no caminho. Quando chegou perto da descida do monte das Oliveiras, a multidão dos discípulos, aos gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que tinha visto. Todos gritavam: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” Do meio da multidão, alguns dos fariseus disseram a Jesus: “Mestre, repreende teus discípulos!” Jesus, porém, respondeu: “Eu vos declaro: se eles se calarem, as pedras gritarão”.
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1ª Leitura:  Is 50,4-7

Leitura do Livro do Profeta Isaías:

O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.

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Responsório: Sl 21 (22)
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

Riem de mim todos aqueles que me veem, / torcem os lábios e sacodem a cabeça: / “Ao Senhor se confiou, ele o liberte / e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”

Cães numerosos me rodeiam furiosos, / e por um bando de malvados fui cercado. / Transpassaram minhas mãos e os meus pés, / e eu posso contar todos os meus ossos.

Eles repartem entre si as minhas vestes / e sorteiam entre si a minha túnica. / Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, / ó minha força, vinde logo em meu socorro!

Anunciarei o vosso nome a meus irmãos / e no meio da assembleia hei de louvar-vos! / Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, † glorificai-o, descendentes de Jacó, / e respeitai-o, toda a raça de Israel!

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2ª Leitura: Fl 2,6-11

Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses:

Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.

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Evangelho: Lc 23,1-49

Proclamação do Evangelho de São Lucas

N (Narrador): Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas

Naquele tempo, toda a multidão se levantou e levou Jesus a Pilatos. Começaram então a acusá-lo, dizendo:

G (Grupo ou assembleia): Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o rei.

N: Pilatos o interrogou: L (Leitor): Tu és o rei dos judeus?

N: Jesus respondeu, declarando: P (Presidente): Tu o dizes!

N: Então Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão:

L: Não encontro neste homem nenhum crime.

N: Eles, porém, insistiam: G: Ele agita o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui.

N: Quando ouviu isso, Pilatos perguntou: L: Este homem é galileu?

N: Ao saber que Jesus estava sob a autoridade de Herodes, Pilatos enviou-o a este, pois também Herodes estava em Jerusalém naqueles dias. Herodes ficou muito contente ao ver Jesus, pois havia muito tempo desejava vê-lo. Já ouvira falar a seu respeito e esperava vê-lo fazer algum milagre. Ele interrogou-o com muitas perguntas. Jesus, porém, nada lhe respondeu. Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei estavam presentes e o acusavam com insistência. Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo, zombou dele, vestiu-o com uma roupa vistosa e mandou-o de volta a Pilatos. Naquele dia Herodes e Pilatos ficaram amigos um do outro, pois antes eram inimigos. Então Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo e lhes disse:

L: Vós me trouxestes este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Já o interroguei diante de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais; nem Herodes, pois o mandou de volta para nós. Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei.

N: Toda a multidão começou a gritar: G: Fora com ele! Solta-nos Barrabás!

N: Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por homicídio. Pilatos falou outra vez à multidão, pois queria libertar Jesus. Mas eles gritavam:

G: Crucifica-o! Crucifica-o!

N: E Pilatos falou pela terceira vez:

L: Que mal fez este homem? Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei.

N: Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força, pedindo que fosse crucificado. E a gritaria deles aumentava sempre mais. Então Pilatos decidiu que fosse feito o que eles pediam. Soltou o homem que eles queriam – aquele que fora preso por revolta e homicídio – e entregou Jesus à vontade deles. Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus. Seguia-o uma grande multidão do povo e de mulheres que batiam no peito e choravam por ele. Jesus, porém, voltou-se e disse:

P: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos! Porque dias virão em que se dirá: “Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios que nunca amamentaram”. Então começarão a pedir às montanhas: “Caí sobre nós!” e às colinas: “Escondei-nos!” Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?

N: Levavam também outros dois malfeitores para serem mortos junto com Jesus. Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda. Jesus dizia: P: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!

N: Depois fizeram um sorteio, repartindo entre si as roupas de Jesus. O povo permanecia lá, olhando. E até os chefes zombavam, dizendo:

G: A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo se, de fato, é o Cristo de Deus, o escolhido! N: Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre e diziam:

G: Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo! N: Acima dele havia um letreiro: “Este é o rei dos judeus”. Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo:

L: Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!

N: Mas o outro o repreendeu, dizendo: L: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal.

N: E acrescentou: L: Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reinado. N: Jesus lhe respondeu:

P: Em verdade eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso. N: Já era mais ou menos meio-dia, e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde, pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se pelo meio, e Jesus deu um forte grito: P: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. N: Dizendo isso, expirou.

Todos se ajoelham e faz-se uma pausa.

N: O oficial do exército romano viu o que acontecera e glorificou a Deus, dizendo: L: De fato! Este homem era justo! N: E as multidões, que tinham acorrido para assistir, viram o que havia acontecido e voltaram para casa, batendo no peito. Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galileia, ficaram a distância, olhando essas coisas.

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Reflexão do frei Almir Guimarães:

Um Rei sentado num burrico

O Senhor vem, mas não rodeado de pompa, como se fosse conquistar a glória. Ele não discutirá, nem gritará, diz a Escritura, e ninguém ouvirá sua voz (Mt 12,19; cf Is 42,2). Pelo contrário, será manso e humilde, e se apresentará com vestes pobres e aparência modesta. (Santo André de Creta)

 Entramos na última semana de nosso retiro quaresmal. Dispomo-nos ainda a percorrer as etapas fundamentais da marcha de Jesus rumo ao Calvário e à Glória. Morte e ressurreição. Que frutos alcançamos ao longo do tempo da quaresma? Com que disposições viveremos os dias desta que designamos de semana santa?

 A Procissão dos Ramos evoca a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém O formulário da bênção das palmas pede o olhar de Deus sobre os ramos que os fiéis haverão de portar em sinal da adesão a Cristo-Rei que entra em sua cidade montado num burrico. A solenidade deste dia é, na verdade, exaltação do Cristo Rei. Os paramentos vermelhos lembram o fogo, a força e o martírio. Como naquele dia em Jerusalém, também em nossos templos há um forte clima de alegria. Cantos de vitória. Palmas que se agitam. As leituras da missa vão nos falar de alegria, mas também nos levarão à apreensão. Em toda a semana santa é o que ocorre: júbilo e dor. Este paradoxo, segundo os liturgistas, é a língua do mistério.

 “Vinde, subamos juntos ao monte das Oliveiras e corramos ao encontro de Cristo que hoje volta de Betânia e se encaminha voluntariamente para aquela venerável e santa Paixão a fim de realizar o mistério de nossa salvação” (Santo André de Creta, Lecionário Monástico II, p. 511). E mais adiante: “O Senhor vem, mas não rodeado de pompa, como se fosse conquistar a glória. Ele não discutirá, diz a Escritura, nem gritará, nem ninguém ouvirá sua voz. Pelo contrário será manso e humilde e se apresentará com vestes pobres e aparência modesta” (Idem, ibidem).

 O Rei entra em Jerusalém montado num burrico. O gesto atesta a pobreza e simplicidade do Messias. Jesus pede que providenciem para ele um asno que depois haverá de devolver. O burrico é a cavalgadura pobre e humilde de que fala o profeta Zacarias (9,9). Sim, o burrico é apenas emprestado. O cortejo que acompanha Jesus mostra características reais expressas nos mantos estendidos pelo chão e nos gritos de ovação. Jesus, de seu lado, sente-se, no fundo a pedra que os pedreiros rejeitaram. Não partilha a concepção de um Messias triunfalista que é abraçada pela multidão.

 A profecia do servo sofredor, texto escrito séculos antes do tempo de Jesus e proclamado na liturgia deste domingo descreve antecipadamente os sofrimentos em sua paixão: o servo abre os ouvidos para as palavras de Deus, oferece as costas aos que nele batem e estende as faces aos que lhe arrancam a barba, não desvia o rosto das cusparadas e bofetões. Terminada a alegre procissão de entrada no templo somos levados a contemplar e, de alguma forma, partilhar a paixão do Senhor. Ecoam, de maneira especial, as palavras da Carta aos Filipenses: “…aquele que se fez obediente até a morte e morte de cruz”.

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FREI ALMIR GUIMARÃES, OFM, ingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, períodom Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral  em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar efamiliar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.

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Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella:


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                           Reflexões e ilustração: franciscanos.org.br        Banner: cnbb.com.br

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