Leão XIV
iniciou, nesta quarta-feira, 06/08, um novo ciclo de catequeses, dedicado à
reflexão sobre o mistério pascal e a importância espiritual de se preparar para
o encontro com Cristo. "O verdadeiro amor – recorda-nos o Evangelho – é
dado antes mesmo de ser correspondido. É um dom antecipado. Não se baseia no
que recebe, mas sim no que deseja oferecer.", afirmou.
“Irmãos e irmãs, bom dia!”
Com essas palavras proferidas em português, o Papa iniciou a Audiência Geral desta quarta-feira, 6 de agosto, realizada na Praça São Pedro. Leão XIV deu continuidade às reflexões sobre o itinerário jubilar e propôs uma nova etapa de meditações sobre a paixão, morte e ressurreição de Jesus. O Pontífice sugeriu aos fiéis uma leitura espiritual do verbo “preparar”, a partir de um trecho do Evangelho de Marcos.
“Continuamos a
nossa caminhada jubilar para descobrir o rosto de Cristo, em quem a nossa
esperança toma forma e substância”, afirmou o Papa. E, partindo do episódio
evangélico em que os discípulos perguntam a Jesus onde desejava celebrar a
Páscoa, Leão XIV destacou a importância dos pequenos detalhes: “No primeiro dia
dos Ázimos, quando se imolava a Páscoa, disseram-lhe os seus discípulos: ‘Onde
queres que vamos fazer os preparativos para comeres a Páscoa?’” (Mc 14,12).
Segundo o Papa,
“a resposta de Jesus parece quase enigmática: ‘Ide à cidade, e virá ao vosso
encontro um homem carregando uma bilha de água’ (v. 13)”. E prosseguiu
explicando que os elementos aparentemente banais da cena – como o homem com o
cântaro ou a sala no andar superior – revelam uma realidade mais profunda: “Com
efeito, é exatamente assim. Neste episódio, o Evangelho revela-nos que o amor
não é fruto do acaso, mas de uma escolha consciente. Não é uma reação simples,
mas uma decisão que exige preparação.”
Deus sempre nos
precede
O Papa ressaltou
que a imagem da “sala já pronta no andar superior” mostra como Deus se antecipa
às nossas necessidades: “Antes mesmo de percebermos que precisamos de ser
acolhidos, o Senhor já preparou um espaço para nós, onde nos podemos reconhecer
e sentir seus amigos.” Esse espaço, segundo o Santo Padre, é o nosso próprio
coração, muitas vezes vazio, mas chamado a ser preenchido pela presença divina:
“Jesus não
enfrenta a sua paixão pelo destino, mas pela fidelidade a um caminho que
abraçou e percorreu com liberdade e cuidado. É isso que nos consola: saber que
o dom da sua vida vem de uma intenção profunda, não de um impulso imediato.”
Neste caminho,
destacou o Pontífice, “a graça não elimina a nossa liberdade, mas desperta-a. O
dom de Deus não anula a nossa responsabilidade, mas torna-a fecunda.”
Celebrar a
Eucaristia na vida quotidiana
Leão XIV
advertiu para a tentação de confundir os preparativos com ativismo ou
expectativas vazias. Preparar-se para celebrar esta ação de graças não
significa fazer mais, mas deixar espaço. Significa remover o que é pesado,
baixar as nossas exigências, deixar de cultivar expectativas irrealistas:
“Ainda hoje, como então, há uma ceia a preparar. Não se trata apenas da liturgia, mas da nossa disponibilidade para participar num gesto que nos transcende. A Eucaristia celebra-se não só no altar, mas também na vida quotidiana, onde é possível experimentar tudo como oferta e ação de graças.”
Para o Papa, a
cena do Cenáculo revela o verdadeiro amor de Cristo, que prepara um banquete
mesmo diante da traição e da negação dos discípulos: “Enquanto eles ainda não
compreendiam, enquanto um estava prestes a traí-lo e outro a negá-lo, Ele
preparava uma ceia de comunhão para todos.”
Preparar a
Páscoa da vida
O Papa também
fez um convite concreto aos fiéis e peregrinos: “Também nós somos convidados a
‘preparar a Páscoa do Senhor’. Não só a Páscoa litúrgica, mas também a Páscoa
das nossas vidas.” E sugeriu uma reflexão:
“Que espaços da
minha vida preciso de reorganizar para estar pronto para acolher o Senhor? O
que significa ‘preparar’ para mim hoje? Talvez signifique renunciar a uma
exigência, deixar de esperar que o outro mude, dar o primeiro passo. Talvez
signifique ouvir mais, agir menos ou aprender a confiar no que já foi
predisposto.”
Mistério de um
amor infinito
Ao concluir a
catequese, Leão XIV sublinhou que, se aceitamos o convite para preparar o lugar
da comunhão com Deus e uns com os outros, iremos descobrir que estamos rodeados
de sinais, encontros e palavras que nos indicam aquela sala espaçosa e já
pronta, onde o mistério de um amor infinito, que nos sustenta e sempre nos
precede, é incessantemente celebrado. E completou:
“Que o Senhor
nos conceda ser humildes preparadores da sua presença. E, nesta disponibilidade
diária, cresça em nós aquela confiança serena que nos permite enfrentar tudo de
coração aberto. Pois, onde o amor estiver pronto, a vida pode verdadeiramente
florescer.”
Thulio Fonseca – Vatican News
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