45ª edição do Mês Vocacional no Brasil
Dom Juarez Albino Destro - Bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS)
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Em fevereiro de 1981, a 19ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou o documento “Vida e Ministério do Presbítero – Pastoral Vocacional”. A Igreja estava respirando os ares de um novo papa, João Paulo II, eleito em outubro de 1978. São João Paulo II foi o primeiro papa a visitar o Brasil, em 1980, passando por várias cidades. E foi o único, até então, a retornar ao nosso País (1982, uma mensagem durante escala aérea; 1991 e 1997. Bento XVI esteve em 2007. Francisco visitou o Brasil em 2013).
Vale recordar que o 1º Congresso Internacional dos Bispos e representantes das Vocações Eclesiásticas (Congresso Internacional das Vocações), realizado em 1973, em Roma, convidou os bispos a elaborarem seus Planos de Ação Diocesanos para as vocações. Foram enviados mais de 700 planos de diversos países, que subsidiaram a realização do 2º Congresso Internacional, que aconteceu também em Roma, em maio de 1981. Como Conferência Episcopal Nacional, motivada pela visita do papa (1980) e no contexto dos Congressos Internacionais (1973 e 1981), a CNBB escolheu uma temática vocacional específica para a sua 19ª Assembleia naquele 1981. Assim lemos na introdução do Documento Conclusivo: “Ao escolher este assunto como tema principal da presente assembleia (Vida e Ministério do Presbítero – Pastoral Vocacional), move-nos a convicção da centralidade do mesmo para o presente e o futuro de nossa Igreja […]. Nossa atenção se voltará, assim, tanto para a vida e o ministério dos presbíteros quanto para a promoção das vocações e formação dos futuros sacerdotes”. E três propostas de ação podemos destacar, em âmbito nacional, indicadas pelos bispos há 44 anos: a elaboração de um Guia Pedagógico para o serviço de animação vocacional, a celebração de um Ano Vocacional em 1983, a instituição do mês de agosto como Mês Vocacional em todo o território nacional. O Guia Pedagógico foi lançado em 1983, durante o 1º Ano Vocacional do Brasil. E o Mês Vocacional, nos meses de agosto, continua sendo celebrado até os dias atuais!
A dinâmica do mês vocacional destaca uma vocação específica a cada semana. A memória do padroeiro dos padres, São João Vianney, dia 04 de agosto, e a do padroeiro dos diáconos, São Lourenço, dia 10, faz com que o primeiro domingo seja direcionado à vocação daqueles que receberam o Sacramento da Ordem: diáconos, padres e bispos. Rezar pela perseverança e santidade dos ministros ordenados e ao surgimento de novas vocações que abracem tais serviços é um dos ensinamentos do mês vocacional. A oração compromete a comunidade e a coloca em ação. O segundo domingo recorda a vocação do pai e, junto com ele, a da família. A Semana Nacional da Família, neste ano, vai de 10 a 16, com o tema: “É tempo de júbilo em nossa vida”. Não descuidemos dessa vocação essencial na Igreja e na sociedade. Do berço familiar nascem todas as vocações! A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, que no Brasil é sempre no terceiro domingo de agosto, puxa a comemoração da vocação à vida consagrada para esse domingo específico. A Semana da Vida Consagrada, em 2025, vai de 17 a 23. Nossa Senhora é modelo de servidora, pessoa sensível, vocacionada que acompanhou o filho em sua missão. É exemplo a todas as pessoas que desejam seguir o projeto de Deus, sobretudo com os votos de pobreza, castidade e obediência. No quarto domingo, este ano dia 24, a Igreja celebra todas as demais vocações, cristãos leigos e leigas que exercem seus serviços na comunidade eclesial. E, no quinto e último domingo, dia 31, homenageamos os catequistas, educadores da fé.
Nesta 45ª edição do mês vocacional, dentro do Ano Jubilar, a Igreja do Brasil escolheu o tema: “Peregrinos porque chamados”, com o lema bíblico da carta de São Paulo aos Romanos: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações” (Rm 5,5). “Todos esperam”, recordou o papa Francisco na Bula Spes Non Confundit (A esperança não decepciona), proclamando o Jubileu 2025. E continua:
“No coração de cada pessoa encerra-se a esperança como desejo e expetativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã. Porém, esta imprevisibilidade do futuro faz surgir sentimentos por vezes contrapostos: desde a confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. […] A esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz. […] E a sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o Batismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo”.
Papa Francisco recorda que Paulo “é muito realista. Sabe que a vida é feita de alegrias e sofrimentos, que o amor é posto à prova quando aumentam as dificuldades e a esperança parece desmoronar-se diante do sofrimento. E, no entanto, escreve: «Gloriamo-nos também das tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, a paciência a firmeza, e a firmeza a esperança» (Rm 5,3-4)”. De fato, para São Paulo, a tribulação e o sofrimento acompanham aqueles que anunciam o Evangelho em contextos de incompreensão e perseguição (cf. 2Cor 6,3-10). Mesmo na escuridão, vislumbra-se uma luz, “descobre-se que a evangelização é sustentada pela força que brota da cruz e da ressurreição de Cristo”. E isto faz crescer uma virtude, que é “parente próxima da esperança: a paciência”. Nos dias atuais, a paciência parece estar diminuindo para dar lugar à pressa, “causando grave dano às pessoas: intolerância, nervosismo e, por vezes, violência gratuita, gerando insatisfação e isolamento”, afirma Francisco.
Que este mês vocacional, com o tema que nos recorda sermos chamados por Deus a peregrinar, caminhar, semear, ajude-nos a compreender cada vez mais nossa missão e responsabilidade neste mundo, ou seja, de colaborar na construção de uma sociedade mais humana, cuja essência esteja baseada no amor, no perdão, na paciência, na alteridade, no serviço, alegre e gratuito. Um excelente agosto a todos!
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Fonte: cnbb.org.br Imagem: salesianos.br/blog