domingo, 4 de maio de 2025

Reflita com o frei Almir Guimarães:

Tudo muda com a presença do Ressuscitado

- Continuamos a viver o tempo da pascal. A Páscoa não é um dia, mas cinquenta dias. Desde o domingo da ressurreição revestimo-nos de júbilo e assim caminhamos até Pentecostes. Tudo é envolvido de júbilo. Há muitas manifestações do Ressuscitado nos evangelhos destes domingos festivos. Nem sempre tão fáceis de serem percebidas. Jesus está atrás do rosto de um jardineiro, num personagem que acompanha os dolentes discípulos de Emaús. Vamos tentar nos aproximar do relato deste domingo junto ao Mar de Tiberíades.

- Há o simbolismo de uma pesca no meio do mar. Há uma nota de fracasso no labor dos pescadores. Parece claro: somente a presença de Jesus ressuscitado pode dar eficácia ao trabalho dos discípulos, dos missionários “pós-ressurreição”.

- Os apóstolos fazem o seu trabalho na escuridão da noite. Eles estão novamente juntos, mas falta Jesus. Não embarcam ouvindo o convite ou a ordem de Jesus. Não esqueçamos que eles eram “pescadores de homens”. O narrador dá a entender que o trabalho foi feito à noite e que deu em nada. Noite = ausência de Jesus. Jesus é a luz do mundo. Sem seu sopro e sua palavra orientadora não há evangelização fecunda.

- Com a chegada do amanhecer Jesus se faz presente. Da margem se comunica com os seus por meio de sua Palavra. “Lançai as redes à direita da barca e achareis”. Os discípulos não sabem que é Jesus. Ouvindo a orientação do Mestre alcançam resultado. Sim, era aquele que um dia os convocara para sempre “pescadores de homens”.

- Vivemos a vida cristã. Temos nossas famílias. Desejamos que sigam a Jesus e se revistam da fé evangélica. Temos nossas dificuldades. Nós mesmos praticamos, colocamos nos lábios palavras piedosas. Mas, por vezes somos visitados pela dúvida e pelo questionamento. Uma prática sem viço, sem alma. Morna. Rotineira.

- José Antonio Pagola faz algumas reflexões nesse contexto que devem nos levar a pensar:

“A situação de não poucas paróquias e comunidades é crítica. As forças diminuem. Os cristãos mais comprometidos se multiplicam para abarcar todo tipo de tarefas: sempre os mesmos e os mesmos para tudo. Será que devemos continuar intensificando nossos esforços e buscando o rendimento a qualquer preço, ou devemos deter-nos a cuidar melhor da presença viva do Ressuscitado em nosso trabalho?

Para difundir a Boa Notícia de Jesus e colaborar eficazmente em seu projeto, o mais importante não é “fazer muitas coisas”, mais cuidar melhor da qualidade humana e evangélica do que fazemos. O decisivo não é o ativismo, mas o testemunho de vida de que nos cristãos podemos irradiar.

Não podemos permanecer na epiderme da fé. Estamos em tempos de cuidar, antes de tudo, do essencial. Enchemos nossas comunidades de palavras, textos, escritos, mas o decisivo é que entre nós se escute Jesus. Fazemos muitas reuniões, mas o mais importante é o que nos congrega cada domingo para celebrar a ceia do Senhor. Só nele se alimenta nossa força evangelizadora”.

- “Tu me amas?” Ficamos impressionados com a insistência com que Jesus pergunta a Pedro se ele o ama. É o amor que permite a Pedro entrar numa relação viva com Cristo ressuscitado. Quem não ama dificilmente pode entender alguma coisa da fé cristã. Não nos esqueçamos que o amor brota em nós quando começamos a abrir-nos a outra pessoa, numa atitude de confiança, entrega que vai sempre além das razões, provas e demonstrações. De alguma forma, amar é sempre “aventurar-se” no outro.

- “A fé cristã é uma experiência de amor. Por isso, crer em Jesus Cristo é muito mais do que “aceitar verdades” sobre Ele. Cremos realmente quando experimentamos que Ele vai se convertendo no centro do nosso pensar, nosso querer e nosso viver”.

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Oração

Dá-nos, Senhor, a coragem dos recomeços.
Mesmo nos dias quebrados, faze-nos descobrir limiares límpidos.
Não nos deixes acomodar ao saber daquilo que foi:
dá-nos largueza de coração para abraçar aquilo que é.
Afasta-nos do repetido, do juízo mecânico que banaliza a história
Pois a desventura de qualquer surpresa ou esperança.
Torna-nos atônitos como os seres que florescem.
Torna-nos livres, deslumbrantemente insubmissos.
Torna-nos inacabados com quem deseja e de desejo vive.
Torna-nos confiantes como os que se atrevem a olhar tudo, e a si mesmos, uma primeira vez. (José Tolentino Mendonça)

Toda esta reflexão está fortemente inspirada em: O caminho aberto por Jesus, José Antonio Pagola, João, Vozes, p. 261-266

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                                              Fonte: franciscanos.org.br    Banner: Frei Fábio M. Vasconcelos

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