“O Papa é um humilde servo de Deus e dos irmãos”
Na manhã deste
sábado, 10 de maio, o Papa Leão XIV, em encontro com os cardeais expressou
gratidão pelos trabalhos durante o Conclave e o período de Sé Vacante. O
Pontífice reafirmou o desejo de seguir o caminho do Concílio Vaticano II e de
Francisco, com ênfase na missão, na sinodalidade e na justiça social.
No segundo dia
após sua eleição, o Papa Leão XIV encontrou-se na manhã deste sábado, 10 de
maio, com os cardeais no Vaticano. Em um discurso denso de espiritualidade,
memória e perspectiva, o novo Pontífice saudou os membros do Colégio
Cardinalício agradecendo-lhes pela proximidade e pelo serviço prestado à Igreja
durante os intensos dias da Sé Vacante e pela responsabilidade da escolha do
novo Sucessor de Pedro:
“Saúdo e agradeço a todos vocês por este encontro e pelos dias que o antecederam, dolorosos pela perda do Santo Padre Francisco, desafiadores pelas responsabilidades enfrentadas juntos e, ao mesmo tempo, segundo a promessa que o próprio Jesus nos fez, ricos de graça e de consolação no Espírito (cf. Jo 14,25-27).”
Proximidade dos
cardeais e do povo de Deus
Dirigindo-se aos
cardeais como “os colaboradores mais próximos do Papa”, Leão XIV expressou com
humildade a consciência do peso da missão confiada:
“Aceitei um fardo claramente muito superior às minhas forças, como seria para qualquer um. O Senhor, tendo-me confiado esta missão, não me deixa sozinho a carregar tal responsabilidade. Sei, primeiramente, que posso sempre contar com a ajuda de vocês e, pela sua Graça e Providência, com a proximidade de tantos irmãos e irmãs que, em todo o mundo, acreditam em Deus, amam a Igreja e apoiam o Vigário de Cristo com a oração e as boas obras.”
O Pontífice
agradeceu especialmente ao Decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni
Battista Re, e ao Camerlengo da Santa Igreja Romana, cardeal Kevin Farrell,
reconhecendo seus serviços prestados com sabedoria e preciosidade ao longo do
processo de transição.
Gratidão ao seu
predecessor
Ao recordar a
figura de seu predecessor, Leão XIV convidou a enxergar sua partida como um
“evento pascal”, inserido na dinâmica da fé: "Neste momento, ao mesmo
tempo triste e alegre, providencialmente envolto pela luz da Páscoa, gostaria
que olhássemos juntos para a partida do saudoso Papa Francisco e para o
Conclave como um evento pascal, uma etapa do longo êxodo pelo qual o Senhor
continua a nos guiar rumo à plenitude da vida; e, nessa perspectiva, confiamos
ao "Pai misericordioso e Deus de toda consolação" (2Cor 1,3) a alma
do Pontífice falecido e o futuro da Igreja", e completou:
“O Papa, começando por São Pedro até mim, seu indigno Sucessor, é um humilde servo de Deus e dos irmãos, nada mais do que isso.”
Inspirado pela
herança espiritual de Francisco, destacou o “estilo de plena dedicação no
serviço e de sóbria essencialidade na vida, de abandono em Deus no tempo da
missão e de serena confiança no momento do retorno à Casa do Pai”, e exortou:
“Recolhemos essa preciosa herança e retomamos o caminho, animados pela mesma
esperança que vem da fé”.
Na esteira do
Concílio Vaticano II e do magistério do Papa Francisco
O novo Pontífice
também reafirmou o primado de Cristo Ressuscitado como guia da Igreja e se
referiu à comunhão eclesial vivida pelos fiéis durante as exéquias de
Francisco, chamando atenção para “a verdadeira grandeza da Igreja, que vive na
variedade dos seus membros unidos à única Cabeça, que é Cristo, «Pastor e
Guarda» (1Pe 2, 25) das nossas almas”. Em seguida, reafirmou sua adesão ao
caminho eclesial traçado pelo Concílio Vaticano II e renovado por
Francisco:
“Gostaria que juntos, hoje, renovássemos nossa plena adesão, neste caminho, à via que há décadas a Igreja universal tem trilhado na esteira do Concílio Vaticano II. O Papa Francisco recordou e atualizou magistralmente seus conteúdos na Exortação Apostólica Evangelii gaudium, da qual quero destacar alguns pontos fundamentais: o retorno ao primado de Cristo no anúncio; a conversão missionária de toda a comunidade cristã; o crescimento na colegialidade e na sinodalidade; a atenção ao sensus fidei, especialmente em suas formas mais próprias e inclusivas, como a piedade popular; o cuidado amoroso pelos últimos e pelos descartados; o diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo em suas diversas componentes e realidades.”
A escolha do
nome
O Pontífice
afirmou que, ao sentir o chamado a prosseguir por esse caminho, decidiu pelo
nome de Leão XIV, e explicou aos cardeais:
"O Papa Leão XIII, de fato, com a histórica Encíclica Rerum novarum, enfrentou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial; e hoje a Igreja oferece a todos o seu patrimônio de doutrina social para responder a uma nova revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho".
Oração e
compromisso
Por fim, Leão
XIV evocou as palavras de esperança que São Paulo VI, em 1963, expressou no
início de seu ministério petrino:
“Passe pelo mundo inteiro, como uma grande chama de fé e de amor que inflame todos os homens de boa vontade, ilumine os caminhos da colaboração recíproca e atraia sobre a humanidade, agora e sempre, a abundância das divinas complacências, a própria força de Deus, sem a ajuda de quem nada é válido, nada é santo.”
"Sejam
esses também os nossos sentimentos, a traduzir em oração e compromisso, com a
ajuda do Senhor", conclui o novo Papa.
Thulio Fonseca - Vatican News
Que benção 🙏
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