Leitura do livro do Profeta Malaquias
Assim diz o Senhor: Eis que envio meu anjo, e ele há de preparar o caminho para mim; logo chegará ao seu templo o Dominador, que tentais encontrar, e o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-lhe frente no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar a prata: assim ele purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata, e eles poderão assim fazer oferendas justas ao Senhor. Será então aceitável ao Senhor a oblação de Judá e de Jerusalém, como nos primeiros tempos e nos anos antigos
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- O rei da glória é o Senhor onipotente!
- O rei da glória é o Senhor onipotente!
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2ª Leitura: Hb 2,14-18
Leitura da Carta aos Hebreus
Irmãos, visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo, e libertar os que, por medo da morte, estavam a vida toda sujeitos à escravidão. Pois, afinal, não veio ocupar-se com os anjos, mas com a descendência de Abraão. Por isso, devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas referentes a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. Pois, tendo ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação.
[A forma breve está entre colchetes.]
[Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos -, como está ordenado na Lei do Senhor. Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão veio ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel”.]
O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.
Luz das nações
O Concilio Vaticano II intitulou o texto dedicado à Igreja com um título significativo. “Luz das Nações”. Este título tem uma história muito rica: foi atribuído pelo profeta Isaias ao Servo de Deus, que não é só um indivíduo, mas o próprio povo de Deus. É nesta linha que, numa nova aceitação, o novo povo de Deus, a Igreja, pode tomar este título como emblema de sua missão, exposta no texto conciliar. Mas antes disso situa-se o momento destacado no evangelho de hoje, quando o profeta Simeão confere a Jesus, filho de José e de Maria, o título de Luz das Nações “luz para iluminar as nações, glória de teu povo, Israel”.
No “Segundo Isaias” (42,6; 49,6), a libertação de Israel do exilio babilónico, proclamada pelo “Servo”, é também uma luz para as nações não-israelitas. O que Deus realiza para seu povo ilumina também os outros povos. Vale entender, nesta mesma linha, o que acontece a Jesus, plena realização do Servo, e a seu povo, o novo Israel, a Igreja.
Maria apresenta Jesus ao templo, isto é, ao Senhor Deus. Simeão reconhece nele o profeta que será sinal de reerguimento do povo, mas também de contradição – e a espada traspassará o coração de sua Mãe. O “reerguimento do povo” se realiza de modo representativo na história de Jesus na terra, passando pela morte e ressurreição. Obra maravilhosa que Deus opera em Jesus e, depois, não pára de operar naqueles que, com Jesus, lhe são dedicados, o Povo de Jesus, a Igreja.
Geralmente, o nosso povo, acostumado a sofrer, acentua a profecia de Simeão anunciando a espada que atravessará o coração de Maria e associa a presente festa à de N. Senhora das Dores. Mas no texto do evangelho essa frase é um parêntese. O acento recai em Jesus, luz da nações e glória de Israel, ou seja, aquele que vem completar o plano de Deus para com seu povo. Decerto, como sinal de contradição. Mas sinal glorioso. O sofrimento não pode constituir o horizonte fechado de nossa visão cristã. Em meio ao sofrimento, e talvez por meio desse sofrimento, o novo povo de Deus, mais ainda que o antigo povo exilado, é chamado a ser uma luz que testemunha e torna visível o maravilhoso projeto de Deus para todos os povos, não pelo brilho deste mundo, que se impõe pela dominação, mas pelo brilho da glória de Deus, que se esconde na pequenez de Maria e de seu Filho.
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PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atuou como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Faleceu no dia 21 de maio de 2022. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.
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