mesmo falhando, para Deus, seremos filhos sempre amados
Na catequese
desta quarta-feira (13/08), de calor forte em Roma e com a Audiência Geral
sendo dividida entre fiéis reunidos entre Sala Paulo VI, Piazza Petriano e
Basílica de São Pedro, o Papa refletiu sobre a revelação da traição de Judas,
feita não para condenar, mas para ensinar que o amor, quando sincero, não pode
ocultar a verdade. A esperança é esta, disse o Papa: "saber que, ainda que
possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de
nos amar".
Com temperaturas
durante a semana que estão superando os 30 graus em Roma, a Audiência Geral
desta quarta-feira (13/08) foi transferida da Praça São Pedro para a Sala Paulo
VI, no Vaticano, com capacidade para cerca de 6 mil pessoas. Devido ao grande
número de fiéis, eles também foram divididos entre a Basílica de São Pedro e a
Praça Petriano, que dá entrada à Sala Paulo VI, e onde o Papa Leão XIV fez uma
primeira saudação multilíngue - inclusive em português - aos peregrinos
reunidos, de onde também acompanharam a catequese por telões:
“Buongiorno a tutti! Bom dia! Buenos días!”
Em seguida,
antes de iniciar a Audiência Geral na Sala Paulo VI, o Pontífice voltou a
saudar em várias línguas - inglês, espanhol e italiano - os milhares de fiéis,
agradecendo pela paciência e pela decisão de mudar de local para se proteger do
sol:
"Buongiorno! Good
morning everyone! Buenos días! Nesta manhã, teremos a audiência em vários
locais, em momentos diferentes para ficarmos um pouco longe do sol e do calor
extremo. Agradecemos a paciência de vocês e agradecemos a Deus pelo maravilhoso
dom da vida, do bom tempo e de todas as suas bênçãos [em inglês]. Vamos
realizar a audiência desta manhã em dois momentos, porque tem pessoas aqui ao
lado, pessoas na basílica e também na praça. Sejam todos bem-vindos. E, aos
poucos, vamos cumprimentando todos os grupos, na medida do possível. [em
espanhol]. Hoje celebramos esta audiência nestes momentos diferentes, um pouco
para nos protegermos do sol, do calor extremo. Obrigado por terem vindo. Sejam
todos bem-vindos [em italiano]."
Deus nunca deixa
de nos amar
Em seguida, o
Papa Leão XIV deu sequência ao novo ciclo de catequeses iniciado na semana
passada sobre o mistério pascal e "seguindo os passos de Jesus nos últimos
dias de sua vida", em particular, sobre a "cena íntima, dramática,
mas também profundamente verdadeira" do momento em que, durante a ceia
pascal, Jesus revelou que um dos Doze estava prestes a traí-lo. Mas ele não o
fez para condenar ou humilhar, comentou o Pontífice, porque não apontou o
culpado e nem sequer disse o nome de Judas: mas o fez para "salvar",
ensinando que o amor, quando é sincero, não pode ocultar a
verdade. "O Evangelho não nos ensina a negar o mal, mas a
reconhecê-lo como uma oportunidade dolorosa para renascer", continuou Leão
XIV.
A reação dos
discípulos não foi de raiva, mas de tristeza, "de uma dor silenciosa,
feita de perguntas, de suspeitas, de vulnerabilidade. É uma dor que também nós
conhecemos bem, quando a sombra da traição se insinua nos relacionamentos mais
queridos". E na possibilidade real de serem envolvidos, todos começaram a
se interrogar se “acaso serei eu?”, reconhecendo a fragilidade do seu
próprio amor.
“Caros amigos, esta pergunta — "Acaso serei eu?" — está talvez entre as mais sinceras que podemos fazer a nós mesmos. Não é a pergunta do inocente, mas do discípulo que se descobre frágil. Não é o grito do culpado, mas o sussurro de quem, mesmo querendo amar, sabe que pode ferir. É nessa consciência que começa o caminho da salvação.”
Deus, refletiu o
Papa, "quando vê o mal, não se vinga, mas se entristece". As
duras palavras de Jesus “Melhor seria que nunca tivesse nascido!”, referindo-se
ao traidor, não são uma maldição ou condenação, mas um grito de dor. Com
efeito, se renegamos o Amor que nos gerou, "perdemos o sentido da nossa
vinda ao mundo e nos autoexcluímos da salvação". Jesus não se
escandaliza diante da nossa fragilidade e continua a confiar, ponderou Leão
XIV, "Ele sabe bem que nenhuma amizade está imune ao risco da
traição", tanto que sentou à mesa com os seus: "esta é a força
silenciosa de Deus: não abandona nunca a mesa do amor, nem mesmo quando sabe
que será deixado sozinho".
“No fundo, esta é a esperança: saber que, ainda que possamos falhar, Deus nunca falha. Mesmo que possamos trair, Ele nunca deixa de nos amar. E se nos deixarmos alcançar por esse amor — humilde, ferido, mas sempre fiel — então podemos verdadeiramente renascer. E começar a viver não mais como traidores, mas como filhos sempre amados.”
Andressa Collet - Vatican News
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