acolher e
deixar-se acolher por Deus que está à porta e bate
Era o segundo
Angelus direto da Praça da Liberdade de Castel Gandolfo para Leão XIV que, na
catequese, lembrou como o verão - vivido neste período na Europa - é um tempo
para desacelerar e aproveitar para encontrar Jesus, aprendendo assim a arte da
hospitalidade.
"Queridos
irmãos e irmãs, bom domingo!", começou o Papa Leão XIV na alocução na
Praça da Liberdade, em Castel Gandolfo, que precedeu a oração mariana do
Angelus. Em meio a um forte vento que se abateu no local na manhã deste domingo
(20/07), mas naquele que era um típico dia de verão com temperaturas em torno
dos 30 graus, o Pontífice voltou a refletir sobre a arte da hospitalidade, após
comentar sobre o tema durante a homilia pronunciada horas antes, quando
presidiu a missa na Catedral de Pancrácio Mártir, em Albano.
Viver o
acolhimento recíproco
Na catequese, o
Pontífice recordou o acolhimento do casal Sara e Abraão, e das irmãs Marta e
Maria, amigas de Jesus: "sempre que aceitamos o convite para a Ceia do
Senhor e participamos na mesa eucarística, é o próprio Deus que «nos vem
servir»", disse Leão XIV, ao acrescentar:
"Mas o
nosso Deus soube, em primeiro lugar, ser hóspede e, ainda hoje, está à nossa
porta e bate. É sugestivo que, na língua italiana, hóspede seja tanto aquele
que hospeda como aquele que é hospedado. Assim, neste domingo de verão, podemos
contemplar este jogo de acolhimento recíproco, sem o qual a nossa vida
empobrece."
O Papa destacou
que “é preciso humildade tanto para hospedar como para ser hospedado”, porque
“é necessário delicadeza, atenção, abertura”. Marta, a irmã de Maria, corre o
risco de não viver a alegria do encontro com Jesus porque está ocupada com os
preparativos da acolhida. Apesar de ser generosa, as tarefas afastam ela
daquilo que é “mais bonito do que a própria generosidade”, que é sair de si
mesma.
“Caríssimos irmãos e irmãs, só isto faz florescer a nossa vida: nos abrirmos a algo que nos tira de nós mesmos e ao mesmo tempo nos preenche.”
Mais parecidos
com Maria do que com Marta
Marta e Maria
vivem de maneira diferente o encontro com Jesus. Marta se esforça e Maria
“perdeu a noção do tempo, conquistada pela palavra de Jesus”. “Não é menos
concreta do que a sua irmã, nem menos generosa. Mas aproveitou a
oportunidade", por isso Jesus repreende Marta por se afastar de uma
intimidade que lhe daria alegria.
"O tempo de
verão pode nos ajudar a 'abrandar' e a nos tornarmos mais parecidos com Maria
do que com Marta. Por vezes, não nos damos a nós mesmos a melhor parte.
Precisamos repousar um pouco, com o desejo de aprender mais sobre a arte da
hospitalidade."
Acolher e
deixar-se acolher
"A
indústria das férias", disse o Papa, "quer nos vender todo o tipo de
experiências, mas talvez não o que procuramos". O encontro com Deus, com a
natureza e com os outros "é gratuito e não se compra".
"É preciso
simplesmente fazer-se hóspede: dar espaço e também pedi-lo; acolher e deixar-se
acolher. Temos muito para receber e não apenas para dar. Embora idosos, Abraão
e Sara se descobriram fecundos quando acolheram tranquilamente o próprio Senhor
em três viandantes. Também para nós, há ainda muita vida a acolher."
O convite final
do Pontífice foi para rezar a Maria, "Mãe do acolhimento, que
hospedou o Senhor no seu seio e, juntamente com José, lhe deu uma
casa":
“Nela brilha a nossa vocação, a vocação da Igreja de permanecer uma casa aberta a todos, para continuar a acolher o seu Senhor, que pede licença para entrar.”
Andressa Collet - Vatican News
____________________________________________________________________________________
O Papa voltou a
falar sobre a triste realidade vivida pelos povos que sofrem insistentemente
com as guerras. Primeiro, ao final da missa celebrada na manhã deste domingo
(20/07), em Albano, quando interpelado por jornalistas italianos, afirmou que
"o mundo já não aguenta mais com tantas guerras". Depois, durante os
apelos após a oração mariana do Angelus em Castel Gandolfo, o Pontífice pediu
novamente pelo fim dos conflitos, que se "pare imediatamente a barbárie da
guerra".
O Papa Leão XIV
voltou a se posicionar sobre a tragédia que atingiu a única igreja católica na
Faixa de Gaza na última quinta-feira (17/07), que matou três pessoas e feriu
outras 10, inclusive o pároco da Santa Família, Padre Gabriel Romanelli.
Primeiramente, ao final da missa presidida na Catedral de Pancrácio Mártir, em
Albano, na manhã deste domingo (20/07), o Pontífice, ao saudar a comunidade
pelas principais ruas da cidade, foi interpelado por alguns jornalistas sobre a
situação em Gaza e disse:
“É preciso rezar pela paz e tentar convencer todas as partes a se sentarem à mesa para negociar, dialogar e depor as armas, porque o mundo não aguenta mais, há tantos conflitos, tantas guerras, é preciso trabalhar verdadeiramente pela paz, rezar com confiança em Deus, mas também trabalhar...”
Questionado
sobre a conversa que teve com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin
Netanyahu, após o ataque militar israelense contra a Igreja da Sagrada Família
em Gaza, o Papa Leão XIV comentou:
"Sim,
conversamos, foi publicado, insistimos sobre a necessidade de proteger os
locais sagrados de todas as religiões, trabalhar juntos também nesse sentido,
mas com verdadeiro respeito pelas pessoas e pelos locais sagrados, e tentar
deixar para trás tanta violência e tanto ódio, tantas guerras."
Na oportunidade
do telefonema, Leão XIV fez um forte apelo para que se chegasse a um
cessar-fogo e ao fim da guerra. O Papa também demonstrou grande preocupação
“pela dramática situação humanitária da população de Gaza, cujo preço
devastador é pago especialmente pelas crianças, idosos e pessoas doentes”.
O apelo do Papa
no Angelus pelo fim da "barbárie da guerra"
Ao final da
oração mariana do Angelus deste domingo (20/07), aos presentes na Praça da
Liberdade em Castel Gandolfo, Leão XIV voltou a reforçar sobre a busca pela paz
com "mais notícias dramáticas chegando do Oriente Médio", recordando
o triste ataque sofrido pelos cristãos em Gaza durante a semana: "expresso
minha profunda dor pelo ataque do exército israelense contra a Paróquia
Católica da Sagrada Família, na cidade de Gaza. Como sabem, na última
quinta-feira, ele causou a morte de três cristãos e ferimentos graves em
outros". O Papa então disse rezar por todos os envolvidos, paroquianos e
familiares das vítimas, citando o nome das três pessoas que morreram: Saad Issa
Kostandi Salameh, Foumia Issa Latif Ayyad e Najwa Ibrahim Latif Abu Daoud:
“Peço novamente que pare imediatamente a barbárie da guerra e que se alcance a uma resolução pacífica do conflito.”
"Dirijo à
comunidade internacional o apelo para que observe o direito humanitário e se
respeite a obrigação de proteger os civis, bem como a proibição de punição
coletiva, do uso indiscriminado da força e do deslocamento forçado da
população. Aos nossos amados cristãos do Oriente Médio, digo: estou próximo à
sensação de vocês de poder fazer pouco diante desta situação tão dramática.
Vocês estão no coração do Papa e de toda a Igreja. Obrigado pelo testemunho de
fé de vocês. Que a Virgem Maria, mulher do Oriente, aurora do Sol novo que
surgiu na história, os proteja sempre e acompanhe o mundo rumo ao amanhecer da
paz."
O Papa, então, dirigiu várias saudações aos grupos presentes, em especial àqueles do Fórum Internacional da Ação Católica que idealizaram a “Maratona de Oração pelos Governantes”, que convida a parar por 1 minuto a rezar pela paz neste domingo (20/07), entre às 10h e 22h: "o convite, dirigido a cada um de nós, é de pararmos apenas por um minuto para rezar, pedindo ao Senhor que ilumine os nossos governantes e inspire neles projetos de paz".
O Pontífice
também fez um agradecimento especial pelo acolhimento recebido durante seu
primeiro período de férias em Castel Gandolfo que, ao invés de terminar neste
mesmo domingo (20/07) como era previsto, deve acontecer na terça-feira (22/07),
segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé. E o retorno de Leão XIV às
Vilas Pontifícias para mais um tempo de repouso será em agosto, entre os dias
15 e 17.
Andressa Collet - Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário