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sábado, 21 de junho de 2025

Papa no Jubileu dos Governantes:

uma boa ação política pode contribuir para a paz

“Uma boa ação política, que favoreça a distribuição equitativa de recursos, pode oferecer um serviço eficaz à harmonia e à paz, tanto a nível social quanto no âmbito internacional”. Palavras do Papa Leão XIV aos Parlamentares presentes no Vaticano neste sábado, 21 de junho, por ocasião do Jubileu dos Governantes.

Na programação do Jubileu dos Governantes, na manhã deste sábado (21/06) o Papa Leão XIV recebeu Parlamentares e suas delegações provenientes de 68 países. Ao iniciar seu discurso o Papa definiu a ação política como “a forma mais alta de caridade" por seu serviço à sociedade e ao bem comum, compartilhando com os presentes três considerações fundamentais para o atual contexto cultural.

Papel da política ao serviço do bem comum

A primeira destaca a tarefa dos políticos de promover e proteger o “bem da comunidade”, especialmente em defesa dos mais fracos e marginalizados, tentando superar a inaceitável desproporção entre riqueza e pobreza. Destacando que “uma boa ação política, ao favorecer a distribuição equitativa dos recursos, pode oferecer um serviço eficaz à harmonia e à paz, tanto em nível social quanto no âmbito internacional”.

Liberdade religiosa e Lei natural

A segunda reflexão feita pelo Pontífice aos Parlamentares, diz respeito à liberdade religiosa e ao diálogo inter-religioso. Também neste campo, continuou o Papa, “a ação política pode fazer muito, promovendo as condições para que haja efetiva liberdade religiosa e possa se desenvolver um encontro respeitoso e construtivo entre as diversas comunidades religiosas”. Reconhecendo que, “acreditar em Deus, com os valores positivos que daí derivam, é uma fonte imensa de bem e de verdade na vida dos indivíduos e das comunidades”.

Em seguida Papa Leão introduziu o conceito de Lei natural “não escrita pelas mãos do homem, mas reconhecida como universalmente válida e em todos os tempos, encontrando na própria natureza a sua forma mais plausível e convincente”. “A lei natural”, explicou o Papa, “universalmente válida para além e acima de outras convicções de caráter mais opinável, constitui a bússola para se orientar ao legislar e ao agir, em particular sobre delicadas questões éticas que hoje se colocam de maneira muito mais premente do que no passado, tocando a esfera da intimidade pessoal”.

Também foi recordada a Declaração Universal dos Direitos Humanos que já pertence ao patrimônio cultural da humanidade, disse ainda o Pontífice, pois “é um texto fundamental que coloca a pessoa humana no centro da busca pela verdade, devolvendo dignidade a quem não se sente respeitado”.

O desafio da Inteligência Artificial

A terceira consideração feita pelo Papa no Jubileu dos Parlamentares refere-se ao desafio imposto pela inteligência artificial (IA). Embora se reconheça o seu potencial de ajuda para a sociedade, adverte-se que a sua utilização não deve comprometer a identidade, a dignidade e as liberdades fundamentais da pessoa humana. O Papa neste ponto destacou que “a IA é um instrumento para o bem do ser humano, não para diminuí-lo ou, pior ainda, para definir a sua derrota”.

“A vida pessoal - evidenciou ainda o Pontífice - vale muito mais que um algoritmo, e as relações sociais precisam de espaços humanos muito maiores do que os esquemas limitados que qualquer máquina sem alma possa pré-fabricar”. Concluindo que a política não pode ignorar tal provocação, ao contrário, é chamada a responder aos desafios da nova cultura digital com visão e atenção.

O exemplo de São Tomás Moro

Por fim, o Papa citou o exemplo de São Tomás Moro (Thomas More, Thomas Morus) para os políticos presentes. Recordando que foi um homem fiel às suas responsabilidades civis e um servidor do Estado, interpretando a política como uma missão para o crescimento da verdade e do bem. “A coragem com que não hesitou em sacrificar a própria vida para não trair a verdade, torna-o ainda hoje, para nós, um mártir da liberdade e da primazia da consciência. Que o seu exemplo seja também para cada um de vocês fonte de inspiração e de planejamento”.

Jane Nogara - Cidade do Vaticano

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                                                       Fonte: vaticannews.va       Fotos: (@Vatican Media)

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