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domingo, 11 de maio de 2025

Reflexão para este Domingo do Bom Pastor:

Não governar, mas dar vida

José Antonio Pagola

A imagem do pastor está carregada de simbolismo religioso na tradição bíblica. O pastor simboliza o chefe que governa e dirige o povo. Sua principal tarefa é vigiar, guiar e proteger o rebanho. Deus é “o pastor de Israel”, porque conduz o povo, vela por ele e o protege. Esse é também hoje seu principal significado quando se fala na Igreja dos pastores que “guiam o povo”.

Quando os primeiros cristãos falam de Jesus como “Bom Pastor”, não o fazem, porém, para apresentá-lo como chefe e comandante de um povo, mas para destacar sua preocupação pela vida das pessoas. Jesus é “Bom Pastor” não porque saiba governar, conduzir e vigiar melhor do que ninguém, mas porque é capaz de “dar sua vida” pelos outros.

Esta Teologia do Bom Pastor resume perfeitamente a atuação de Jesus. Sua primeira preocupação não foi salvaguardar a doutrina, vigiar a moral ou controlar a liturgia, mas empenhar-se pelas pessoas, lutar contra o sofrimento sob todas as suas formas e trabalhar por uma vida mais digna e feliz para todos, chegando “até a dar sua vida” neste empenho. A Igreja tem a responsabilidade de convidar e orientar os crentes para a verdade de Cristo, mas Cristo se dedicava precisamente a suprimir sofrimentos e dar vida. Só a partir daí revelava e anunciava o verdadeiro Deus.

Nestes nossos tempos, em que tanta gente “abandona o rebanho” e se afasta da fé, a melhor maneira de guiar para a “verdade de Cristo” seria ver uma Igreja dedicada de corpo e alma a fazer que as pessoas sejam mais felizes, se sintam menos desamparadas e vivam mais protegidas contra o mal e o sofrimento.

Os próprios cristãos que confessaram Jesus como “pastor”, também o apresentaram como “cordeiro” sacrificado pelos outros. É uma boa lembrança para os pastores da comunidade cristã. O trabalho pastoral não se faz por imposição “de cima” mas servindo a partir “de baixo”. Não se leva as pessoas a Cristo partindo do poder e do domínio, mas a partir da compaixão e da luta contra o sofrimento e o desamparo.

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JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

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                                                                           Fonte: franciscanos.org.br       Bannervaticanews.va

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