governos e empresas vigiem a IA pela dignidade humana
O 55° Fórum
Econômico Mundial termina nesta sexta-feira (24/01) na Suíça com a inteligência
artificial (IA) como um dos principais temas do evento, principalmente, a IA
generativa (tecnologia por trás do ChatGPT, por exemplo). Em mensagem ao
evento, Francisco compartilhou novamente sua preocupação com os riscos à
dignidade humana que pode "ser violada em favor da eficiência",
aumentando "as desigualdades e os conflitos": "governos e
empresas devem exercer a devida diligência e vigilância".
A inteligência artificial (IA) é um dos principais temas de debate da edição de número 55 do Fórum Econômico Mundial que está sendo realizado desde segunda-feira (20/01) em Davos, nos Alpes Suíços, com a presença de líderes globais, ministros da área econômica, CEOs de grandes empresas e economistas. O Papa Francisco enviou um mensagem nesta quinta-feira (23/01) em mais uma oportunidade para refletir sobre a IA "como uma ferramenta não apenas de cooperação, mas também para unir os povos". Em sessão sobre segurança digital esteve presente um dos representantes do Brasil no evento, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, que abordou a luta contra a desinformação e a questão da responsabilidade das plataformas digitais por conteúdos ilegais nelas veiculados.
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O Fórum de Davos termina nesta sexta-feira, 24 de janeiro |
LEIA A ÍNTEGRA DA MENSAGEM DO PAPA
A mensagem do
Papa a Davos
O Papa
Francisco, por sua vez, abordou "o dom da inteligência" na sua
mensagem que, segundo a tradição cristã, é considerado um "aspecto
fundamental da pessoa humana criada 'à imagem de Deus'". Ao mesmo tempo,
continuou o Pontífice, a própria Igreja Católica sempre apoiou o avanço da
ciência, da tecnologia, das artes e de outras formas de iniciativas do homem.
A IA foi
projetada para "imitar" essa inteligência humana, observou o Papa, o
que levanta uma série de questões e desafios, crescentes "crises de
verdade", "importantes preocupações sobre seu impacto sobre o papel
da humanidade no mundo" e sobretudo sobre "a responsabilidade ética,
a segurança humana e as implicações mais amplas de tais desenvolvimentos para a
sociedade". Basta pensar ao "grau de habilidade e velocidade"
com que ela trabalha, muitas vezes excedendo a capacidade humana, através de
uma tecnologia capaz de fazer "certas escolhas de forma autônoma",
"fornecendo respostas não previstas por seus programadores".
A tecnologia da
IA e o coração do homem
O Papa
Francisco, na mensagem, reconheceu como a IA seja "uma extraordinária
conquista tecnológica", mas que imita "resultados associados à
inteligência humana" através de uma escolha técnica, diferente do ser
humano que "não apenas escolhe, mas em seu coração é capaz de
decidir”. Como qualquer outra atividade humana e todo desenvolvimento
tecnológico, "a IA deve ser ordenada para a pessoa humana" porque,
quando usada corretamente, "ajuda a pessoa humana a realizar a sua
vocação, em liberdade e responsabilidade".
Mas o perigo da
IA ser usada para promover o “paradigma tecnocrático” existe, alertou o
Papa Francisco, com a ideia de que "todos os problemas do mundo"
possam ser resolvidos somente por meios tecnológicos. Nesse paradigma, a
dignidade e a fraternidade humana são frequentemente subordinadas à busca da
eficiência" e, dessa forma, do poder tecnológico e econômico.
“Entretanto, a dignidade humana jamais deve ser violada em favor da eficiência. Os desenvolvimentos tecnológicos que não melhoram a vida de todos, mas que, em vez disso, criam ou aumentam as desigualdades e os conflitos, não podem ser definidos de verdadeiro progresso. Portanto, a IA deve ser colocada a serviço de um desenvolvimento mais saudável, mais humano, mais social e mais integral.”
Adotar respostas
adequadas para o impacto da IA
O lema da edição
deste ano do Fórum de Davos, “Colaborando para a Era Inteligente”, reforça o
foco em tecnologias emergentes – como a IA generativa, por exemplo (a
tecnologia por trás do ChatGPT) – que trazem tanto oportunidades quanto
desafios. Um dos maiores exemplos desses desafios são os impactos no mercado de
trabalho. Como acontece com muitas tecnologias, afirmou o Papa, "os
efeitos de diferentes usos da IA podem nem sempre ser previsíveis desde o
início". Francisco então enalteceu sobre a importância de adotar
"respostas adequadas" para o impacto social da aplicação da IA desde
os usuários individuais até as organizações internacionais, redescobrir os
valores das comunidades e renovar o compromisso com o cuidado da casa comum:
“Para gerenciar as complexidades da IA, os governos e as empresas devem exercer a devida diligência e vigilância. Eles devem avaliar em modo crítico as aplicações individuais da IA em contextos específicos para determinar se o seu uso promove a dignidade humana, a vocação da pessoa humana e o bem comum.”
Andressa Collet - Vatican News
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