domingo, 31 de julho de 2016

Missa conclusiva da Jornada Mundial da Juventude:

Criem uma nova humanidade!

Cracóvia (RV) – Quinto e último dia da XV Viagem Apostólica do Santo Padre que o levou à Polônia.O Papa deixou a sede do arcebispado de Cracóvia, na manhã deste domingo (31/7) e se dirigiu, novamente, ao “Campus Misericordiae”, a 12 km., para presidir à solene Santa Missa de encerramento da XXXI JMJ
Devemos tudo realizar na oração, na Palavra de Deus, no Evangelho!
Ao chegar à localidade, o Pontífice abençoou uma das duas Casas que, depois da JMJ, será dedicada à Assistência de idosos em dificuldade e pobres; a outra servirá como sede da Caritas local.
Depois de aspergir, com a água benta, as pessoas presentes, o ambiente e a imagem de Nossa Senhora de Loreto, tomou o papamóvel e deu uma volta entre os milhares de jovens que se encontravam no “Campus Misericordiae”, muitos dos quais passaram a noite ali em oração e meditação diante do SS. Sacramento exposto sobre o altar.
A seguir dirigiu-se à sacristia para se paramentar e dar início ao grande evento do dia: a celebração Eucarística conclusiva da JMJ. Concelebraram cerca de 1.200 bispos e arcebispos e mais de 15 mil sacerdotes.
Em Cracóvia para encontrar Jesus
No início da Santa Missa, o Cardeal-arcebispo de Cracóvia, Dom Stanislaw Dziwisz, fez uma saudação ao Papa e numerosos presentes. Depois, ao pronunciar sua homilia, Francisco recordou inicialmente que os jovens se encontram em Cracóvia para encontrar Jesus, com base no Evangelho de hoje que fala do encontro, Jericó, entre Jesus e um homem, chamado Zaqueu:
“Jesus não se limita a pregar ou a saudar alguém, mas atravessa a cidade. Em outras palavras, Jesus quer se aproximar da vida de cada um, percorrer o nosso caminho até ao fim, para que a sua vida e a nossa se encontrem concretamente”.
Assim dá-se o encontro tão surpreendente com Zaqueu, o chefe dos Publicanos, isto é, dos cobradores de impostos. Zaqueu era um rico, colaborador dos odiados romanos; era um explorador do povo, uma pessoa que, pela sua má reputação, nem devia sequer aproximar-se do Mestre. Porém, disse o Santo Padre, este encontro com Jesus mudou a sua vida, como poderia acontecer com cada um de nós:
Baixa estatura, vergonha paralisante, multidão murmurante
“Zaqueu, porém, teve que enfrentar alguns obstáculos para encontrar Jesus: pelo menos três, que podem servir de exemplo também para nós: baixa estatura, vergonha paralisante, multidão murmurante”.
Começando pelo primeiro obstáculo, a sua “baixa estatura”, o Papa disse que Zaqueu não conseguia ver o Mestre, porque era baixinho. Também hoje – explicou - podemos correr o risco de ficar distante de Jesus, porque não nos sentimos à altura, porque temos uma baixa estima de nós mesmos. Esta é uma grande tentação, que não tem a ver apenas com a autoestima, mas com a fé:
“Jesus assumiu a nossa humanidade e o seu coração nunca se afastará de nós; o Espírito Santo quer habitar em nós; somos chamados à alegria eterna com Deus. Eis a nossa estatura, a nossa identidade espiritual: não aceitar-nos e viver descontentes e de modo negativo significa não reconhecer a nossa verdadeira identidade. Deus nos ama como somos e nenhum pecado, defeito ou erro lhe fará mudar de ideia”.
Para Jesus, ninguém é insignificante
Para Jesus, ninguém é inferior e distante, ninguém é insignificante. Pelo contrário, todos somos prediletos e importantes! Deus conta conosco pelo que somos, não pelo que temos; ele nos aguarda com esperança, acredita em nós e nos ama! Aqui, Francisco passou a explicar o segundo obstáculo que Zaqueu tinha para encontrar Jesus: uma “vergonha paralisante”:
“Podemos imaginar o que aconteceu no coração de Zaqueu, antes de subir ao sicômoro: deve ter havido uma grande luta; por um lado, uma curiosidade boa: conhecer Jesus; por outro, o risco de fazer um papelão”.
Zaqueu era um personagem público, um líder, um homem de poder e sabia que, ao subir à árvore, faria um papel ridículo; ele, porém, venceu a vergonha, porque a atração por Jesus era mais forte. Ele estava pronto a tudo, porque Jesus era o único que poderia livrá-lo do pecado e da infelicidade. Quando ele o chamou, desceu imediatamente e colocou-se em jogo. E o Pontífice exortou:
Apostem no amor
“Queridos jovens, não tenham vergonha de apresentar-lhe tudo na Confissão: fraquezas, cansaço, pecados, pois Ele os surpreenderá com o seu perdão e a sua paz. Não tenham medo de dizer-lhe ‘sim’ com todo o entusiasmo do coração, de responder-lhe com generosidade, de segui-lo. Apostem no belo amor, que requer renúncia ao sucesso forçado e à droga de pensar só em si e nas próprias comodidades”.
Por fim, depois da “baixa estatura” e da “vergonha paralisante”, o Santo Padre explicou terceiro obstáculo que Zaqueu teve que enfrentar: a “multidão murmurante”, que o bloqueou e o criticou, dizendo que Jesus não devia entrar na casa dele, por era um pecador. Como é difícil acolher Jesus e aceitar um Deus “rico em misericórdia”! Mas, ele nos convida a ter coragem, a ser mais fortes que o mal. Os outros poderão rir de nós por acreditarmos na força da misericórdia. E dirigindo-se de modo particular aos jovens da JMJ, Francisco deixou seu recado:
Nova humanidade
“Não tenham medo, mas pensem nas palavras destes dias: ‘Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia’. Vocês poderão parecer sonhadores em acreditar numa humanidade nova, que rejeita o ódio entre os povos e as barreiras dos países, que mantém suas tradições, sem egoísmos ou ressentimentos. Não desanimem! Com seu sorriso e braços abertos transmitam esperança, pois vocês são uma bênção para a família humana”.
Em suma, enquanto a multidão criticava e julgava Zaqueu, Jesus levantou seu olhar para ele, um olhar que vai além dos defeitos e pecados. Assim, ele entrevê o bem futuro, não se resigna perante a obstinação, mas busca o caminho da unidade e da comunhão; Jesus não se detém nas aparências das pessoas, mas olha seu coração. E o Papa ponderou:
“Com este olhar de Jesus, vocês podem criar uma nova humanidade, sem esperar recompensa, mas buscando o bem, felizes de ter um coração puro e lutando, de modo pacífico, pela honestidade e a justiça. Não sejam superficiais, desconfiem das aparências mundanas. Mas, tenham um coração que vê e transmite o bem, sem cessar. Contagiem o mundo com a alegria que receberam gratuitamente de Deus.
Hoje, disse por fim Francisco, Jesus nos diz, como fez com Zaqueu: “Desça depressa, pois hoje vou ficar na sua casa”. Logo, a JMJ, poderíamos dizer, começa hoje e continua em suas casas, porque é lá que Jesus vai encontrá-los, a partir de agora. O Senhor não quer ficar apenas nesta bela cidade ou nas belas recordações, mas agir em suas vidas: no estudo, no trabalho, nas amizades, nos afetos, nos projetos e nos sonhos.
Tudo, porém, recomendou o Papa, deve realizar-se na oração, na Palavra de Deus, no Evangelho! Respondamos a Jesus que nos chama por nome. Façamos memória, agradecidos, do que vimos e ouvimos aqui. (MT)
Assista:
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Papa anuncia:
Panamá, sede da próxima JMJ em 2019

Cracóvia (RV) - Ao término da solene concelebração Eucarística de encerramento da JMJ, em Cracóvia, o Santo Padre passou à oração mariana do Angelus no “Campus Misericordiae”, anunciando oficialmente que a próxima JMJ será no PANAMÁ:
Panamenhos comemoram convocação do Papa para 2019
“A Providência divina sempre nos precede. Ela já decidiu onde será a próxima etapa desta grande peregrinação iniciada, em 1985, por São João Paulo II! Por isso, é com alegria que lhes anuncio que a próxima JMJ, depois das duas a nível diocesano, se realizará no Panamá, em 2019”.
Depois, antes da oração do Angelus, o Papa disse: “No final desta Celebração, quero unir-me a todos vocês, em ação de graças a Deus, Pai de Misericórdia infinita, porque nos permitiu viver esta JMJ. Agradeço pelo trabalho e a oração para preparar este evento e a todos os que contribuíram para seu bom êxito”.
São João Paulo II
Francisco quis dirigir uma “obrigado especial” aos jovens, que encheram Cracóvia com o entusiasmo contagiante da sua fé. “São João Paulo II rejubila-se no Céu e nos ajudará a levar a alegria do Evangelho pelo mundo inteiro”.
Nestes dias, acrescentou o Papa, experimentamos a beleza da fraternidade universal em Cristo, centro e esperança da nossa vida. Ouvimos a voz do Bom Pastor, vivo no meio de nós, que falou aos nossos corações, renovou-nos com seu amor e fez-nos sentir a luz do seu perdão e a força da sua graça. Foi uma verdadeira oxigenação espiritual!
Depois, ao indicar a imagem da Virgem Maria, ao lado do altar, venerada por São João Paulo II no Santuário de Kalwaria, o Pontífice a invocou para que fecunde a experiência vivida pelos jovens na Polônia, a fim de que germine e produza frutos abundantes, com a ação do Espírito Santo.
Enfim, o Papa expressou seu desejo de que “que cada um, com suas limitações e fragilidades, possa ser testemunha de Cristo no lugar onde vive, em suas famílias, paróquias, associações e grupos, nos ambientes de estudo, trabalho, diversão.
Assista:
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Papa agradece aos voluntários:
Memória, coragem, futuro

Cracóvia (RV) – O último “compromisso” do Papa Francisco na Polônia foi o encontro com os voluntários da Jornada Mundial da Juventude, no Ginásio de Esportes Tauron, distante 10 km de Cracóvia.
O encontro teve início com o testemunho de dois voluntários – uma polonesa e um panamenho – que confirmam ao Papa os dons recebidos desta e das outras JMJ, vividas no serviço, ajudas extraordinárias por escolha de vida pessoal, coerente com a fé, e a pertença à Igreja.
Comovente foi a leitura – feita pelo irmão – de uma carta escrita por um jovem gráfico polonês, a quem se deve toda a cenografia da JMJ em Cracóvia, falecido devido a um tumor no início de julho.
"Memória, coragem, futuro!"
Francisco iniciou o seu pronunciamento  aos jovens voluntários lendo o texto que havia preparado – de seis folhas: “Caríssimos voluntários – disse – antes de voltar para Roma, sinto o desejo de vos encontrar e, sobretudo, agradecer a cada um de vocês pelo empenho, a generosidade e a dedicação com que acompanharam, ajudaram e serviram a milhares de jovens peregrinos. Graças também pelo vosso testemunho de fé que, unido ao de tantíssimos jovens provenientes de todas as partes do mundo, é um grande sinal de esperança para a Igreja e para o mundo. Doando-vos por amor a Cristo, vocês experimentam o quanto é bonito comprometer-se por uma causa nobre”.
Deixando o texto de lado, por achá-lo “chato”, Francisco o entregou e começou a falar de improviso em espanhol.
“Preparar uma Jornada da Juventude – afirmou – é uma aventura, quer dizer colocar-se em uma aventura e chegar. Chegar, servir, trabalhar, fazer e depois despedir-se. Portanto, antes de tudo, a aventura, a generosidade. Eu quero agradecer a todos vocês, voluntários, voluntárias, benfeitores, por tudo o que fizeram. Quero agradecer pelas horas de oração que fizeram, porque sei que esta Jornada foi colocada ao lado de muito trabalho, mas também muita oração. Obrigado aos voluntários que dedicaram um tempo à oração, para que pudéssemos seguir em frente assim”.
“Obrigado aos sacerdotes, aos sacerdotes que vos acompanharam; obrigado às religiosas, que vos acompanharam; obrigado aos consagrados e obrigado a vocês que entraram nesta aventura, com a esperança de conseguir chegar ao final”.
Ter memória
“O bispo, quando fez a apresentação, disse a ele – não sei se entenderão esta palavra – um cumprimento adulatório: “Vocês são a esperança do futuro”. E é verdade! Porém, sob duas condições. Vocês querem ser esperança para o futuro? Sim? Estão certos disto? (respondem “sim”). Então, sob duas condições: não, não é necessário pagar o bilhete de entrada... A primeira condição é ter memória, perguntar-se de onde venho; a memória de meu povo, a memória da minha família, de meu país, de toda a minha história. O testemunho da segunda voluntária era repleto de memória, repleto! Memória de um caminho, memória de quanto recebeu de seus pais. Um jovem sem memória não pode ser esperança para o futuro. Está claro? (respondem: “Sim!”).
“’Padre, como faço para ter memória?’ – ‘Fala com teus pais, fala com os adultos. Sobretudo fala com os avós   ‘. Está claro? De tal modo, que se vocês querem ser a esperança do futuro, vocês devem receber a ‘tocha do nono e da nona’, está claro?”.
“Me prometam que para preparar o Panamá vocês falarão mais com os avós? (respondem: “Sim”). E se os nonos já foram pro céu, falem de qualquer modo com os idosos e perguntem a eles? (responde: “Sim!”). Peçam a eles, porque eles são a sabedoria do povo. Portanto, para ser esperança, a primeira condição é ter memória. “Vocês são a esperança do futuro”, disse para vocês o bispo”.
Coragem e futuro
“Depois, a segunda condição: se para o futuro sou esperança e tenho memória do passado, permanece para mim o presente. O que devo fazer no presente? Ter coragem. Ter coragem! Serem corajosos, ser corajosos! Não assustarem-se. Ouvimos o testemunho, o adeus deste nosso amigo que foi vencido pelo câncer: ele queria estar aqui! Não chegou, mas teve a coragem, a coragem de enfrentar, a coragem de continuar a lutar, também na pior das condições. Este jovem, hoje, não está aqui, mas aquele jovem semeou esperança para o futuro. Portanto, para o presente, coragem! “Para o presente?” (respondem: “Coragem!”). Valentia, coragem. Está claro? Portanto, se vocês têm... Qual era a primeira coisa? (respondem: “Memória!”). E se têm (responde: “Coragem!”, vocês serão a esperança (respondem: “Futuro!”). Está tudo claro? Bem!”.
“Eu não sei se eu estarei no Panamá, mas posso assegurar para vocês uma coisa, que Pedro estará no Panamá. E Pedro perguntará para vocês se falaram com os avós, se falaram com os anciãos para ter memória, se tiveram a coragem e audácia para enfrentar a situação e se semearam para o futuro. E responderão a Pedro... (respondem: “Sim!”). Está claro? Que Deus vos abençoe a todos. Obrigado. Obrigado por tudo! E agora todos juntos, cada um na própria língua, rezemos a Virgem”.
Recita Ave Maria...
E peço a vocês para rezarem por mim. Não esqueçam. E vos dou a bênção.
Bênção
E estava me esquecendo: como era? (respondem: “Memória, coragem, futuro!”).
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                                                                                                  Fonte: radiovaticana.va

Reflexão para seu domingo

Falsas seguranças

Diz o livro do Eclesiastes: “Tudo é vaidade... um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou” (Eclesiastes 1,2.21). O que diríamos mais ainda de quem rouba, aproveitando-se de cargos públicos, acumula fortunas em imóveis, jóias, dinheiro até em bancos de outros países! Muitos não pensam que vão morrer. No mínimo, quem tem altivez de caráter, gostaria de ser lembrado como gente do bem, de ética, de moral, de honestidade e de trabalho intenso pelo bem comum, sem lesar o público, principalmente o mais carente. Até os herdeiros de fortuna e qualquer dinheiro desonesto deveriam ter a grandeza moral de restituir o que sabe desse legado podre. A justiça deveria fazer o seqüestro do dinheiro roubado.
A formação do caráter para o respeito ao outro e ao que lhe pertence deveria ser regra de ouro das famílias, das escolas e dos meios de comunicação. O rito dos processos judiciários deveria dar sim, o direito de defesa, mas com limites. Atualmente os recursos são quase infinitos. Quem sofre injustiça é ainda mais injustiçado com a demora do veredicto judicial.
Dentro da realidade dos extremos de riqueza e pobreza, em que uns têm demais e grandes parcelas têm de menos, é muito importante a formação para o cultivo da simplicidade. Isso exige vida menos luxuosa de elites, que quase não pagam impostos em comparação com os assalariados. A hipoteca social da riqueza deveria incluir a exigência de mais tributos por parte de quem recebe muito em relação à maioria.  Abusos de salários e aposentadorias de determinados grupos privilegiados de vários poderes gritam por justiça.
Quem assume a vida com valores transcendentes deveria olhar para o objetivo da mesma. Em agradecimento ao Criador pelo dom da vida e pelas oportunidades de realizar o bem da comunidade, tais pessoas poderiam contribuir mais com uma convivência de promoção real da inclusão social dos mais fragilizados. A recompensa virá, não somente de Deus na eternidade, mas também já na terra, com sua respeitabilidade e reconhecimento de seu bom exemplo. A vida vale e recompensa por si mesma quando se usam os talentos para o serviço ao semelhante.
Nada é mais seguro na vida do que realizar o bem ao outro por causa daquele que nos criou para isso. As seguranças terrenas são importantes, mas não são objetivo de vida. São instrumentos a serem bem usados. Distorcidos, corrompem o coração, a mente e o convívio social. Assim são as coisas materiais, os prazeres e o poder. Tudo tem seus valores e suas normas objetivas. Se as normas forem apenas o desejo pessoal e os instintos, ficamos no chão da vida sem olhar para o objetivo mais elevado. A natureza criada por 
Deus já o revela. O que dirá o Filho de Deus (Cf. Colossenses 3,1-2)! Ele não tinha nem onde reclinar a cabeça. Deu tudo de si, mostrando que a vida vale para darmos vida de sentido aos outros!
Jesus lembra que a ganância não realiza a pessoa humana. A felicidade não está na abundância de bens. Ele narra a estória de um homem que fez grande armazenamento do que colheu da plantação, pensando que ia ter vida cômoda por muitos anos. Mas, de repente, morreu e não usufruiu do que acumulou (Cf. Lucas 12,13-21). Quem mais tem coisas e exagerado bem estar materiais, em geral não se contenta com o que tem. Muitos não têm paz na vida, preocupados em administrar suas riquezas materiais. Outros têm pouco e são felizes por realizarem o bem. É justo ter o necessário para se viver dignamente e fazer o bem, mesmo tendo bastante, para servir a comunidade. Os bens sem hipoteca social são ilusão e vaidade inútil.
                                         Dom José Aberto Moura - Arcebispo de Montes Claros (MG)
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sábado, 30 de julho de 2016

Penúltimo dia da XV Viagem Apostólica do Papa à Polônia

Francisco visita
santuários de Santa Faustina e São João Paulo II

Cracóvia (RV) – O Santo Padre iniciou cedo suas atividades, na manhã deste sábado (30/7), transferindo-se de papamóvel, da sede do arcebispado de Cracóvia, onde está hospedado nestes dias, ao Santuário da Divina Misericórdia, em Łagiewniki, no sul de Cracóvia.
Somos acolhidos pela infinita misericórdia de Deus
O Santuário da Divina Misericórdia situa-se a cerca de seis quilômetros do centro histórico de Cracóvia, no distrito de Łagiewniki. Trata-se de uma Basílica, à qual está anexado o Convento da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, fundado em 1891.
Em 17 de agosto de 2002, o Papa João Paulo II inaugurou o novo Santuário, em forma de navio, onde se encontra o túmulo de Santa Faustina Kowalska. A Basílica tem capacidade para acolher cinco mil pessoas. Acima do altar se encontra a imagem da Divina Misericórdia, obra de Adolf Hyla, em 1944. O local é a principal meta de peregrinações.
Na parte inferior da Basílica, encontra-se a Capela dedicada a Santa Faustina e, na parte superior, a Capela da Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento.
Em 17 de junho de 1997, o Papa João Paulo II visitou a Basílica e rezou diante do túmulo de Santa Faustina. Em maio de 2006, Bento XVI também visitou a Capela, ocasião em que inaugurou a estátua de São João Paulo II na torre da Basílica. Hoje, o templo recebe a visita do Papa Francisco.
Santa Faustina
Maria Faustyna Kowalska, nascida em 1905 e falecida em 1938, em Głogowiec, era uma religiosa e mística da Polônia. Hoje, é venerada como Santa Faustina.
Chamada Apóstola de Jesus ou Secretária da Divina Misericórdia é considerada pelos teólogos como uma das místicas mais notáveis do Cristianismo. Sua missão foi preparar o mundo para a Parusia, a segunda vinda de Cristo.
Maria Faustina entrou para a vida religiosa em 1924, na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia. Seu confessor, Beato Miguel Sopoćko, exigiu que ela descrevesse suas experiências místicas espirituais em um diário pessoal. Este diário compõe-se de alguns cadernos.
Irmã Faustina faleceu em 5 de outubro de 1938 e sua canonização deu-se em 30 de abril de 2000, pelo Papa João Paulo II, que instituiu a Festa da Divina Misericórdia celebrada no segundo domingo da Páscoa.
Depois de visitar a Basílica da Divina Misericórdia e a Capela dedicada a Santa Faustina, o Papa apareceu na sacada do Santuário para saudar alguns jovens reunidos no “prado das Confissões”, que se encontra entre o Santuário da Divina Misericórdia e o Santuário dedicado a São João Paulo II.
Em sua breve saudação o Pontífice disse: “O Senhor, hoje, quer fazer-nos sentir, mais profundamente, a sua grande misericórdia. Nunca nos distanciemos de Jesus, embora sejamos pecadores. Ele nos acolhe assim como somos pela sua grande Misericórdia. Aproveitemos para receber a sua Misericórdia!”.
A seguir, Francisco passou pela “Porta da Divina Misericórdia” e administrou o sacramento da Reconciliação a cinco jovens, em três línguas: italiano, espanhol e francês.
Depois, o Bispo de Roma se deslocou para o vizinho Santuário dedicado a São João Paulo II, a cerca de dois quilômetros do Santuário da Divina Misericórdia.
Santuário de São João Paulo II
A construção do Santuário do São João Paulo II foi iniciada em 2008 e abrange o Instituto do São João Paulo II, um centro de voluntariado, a Casa do Peregrino, um centro de retiros espirituais, um anfiteatro, uma Via Sacra ao ar livre, um centro de reabilitação e um parque de meditação e recreação.
O Santuário é construído em dois níveis: na parte superior, a igreja e, na inferior, o lugar octogonal das Relíquias, circundada de Capelas. Entre as relíquias e as lembrancinhas de São João Paulo II destacam-se uma ampola com o sangue de Karol Wojtyla, colocada em um altar de mármore; a férula papal do João Paulo II, uma casula e a cruz, diante da qual o Papa João Paulo II rezou durante a sua última Via Sacra, no Coliseu de Roma.
Recordamos que o Centro dedicado a São João Paulo II é localizado no bairro de Łagiewniki, em Cracóvia, no lugar da antiga fábrica Solvay, onde Karol Wojtyła trabalhou como operário durante a II Guerra Mundial. (MT)
Assista:
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Missa no Santuário João Paulo II: 
Jesus entra em nós com a sua misericórdia

O Santo Padre presidiu, no Santuário de São João Paulo II, à celebração Eucarística, da qual tomaram parte Sacerdotes, Religiosos e religiosas, leigos Consagrados, seminaristas e féis, num total de duas mil pessoas, além dos cerca de cinco mil, que participaram no pátio diante do Santuário.
Após a saudação do cardeal-arcebispo de Cracóvia, Dom Stanislaw Dziwisz, o Santo Padre pronunciou a homilia com base na liturgia da Missa votiva da Misericórdia de Deus, partindo da passagem evangélica, que se refere a um lugar, um discípulo e um livro.
Reavivemos em nosso coração o dom do chamado que o Senhor nos fez
O lugar é aquele onde se encontravam os discípulos, na tarde de Páscoa, chamado Cenáculo. Não obstante as portas estivessem fechadas, oito dias depois, Jesus entrou e transmitiu-lhes a paz, o Espírito Santo e o perdão dos pecados, ou seja, a misericórdia de Deus. Naquele lugar fechado, ressoa forte o seu convite: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E o Papa explicou:
“Jesus envia. Desde o início, ele quis que a Igreja estivesse em saída pelo mundo, como ele foi enviado pelo Pai: não com poder, mas como serviço; não para ser servido, mas para servir e levar a Boa-Nova. Assim, seus discípulos, em todos os tempos, foram enviados”.
Interessante, disse Francisco, enquanto os discípulos se fechavam no Cenáculo, com medo, Jesus entrava e os enviava em missão: ele queria que os seus abrissem as portas e saíssem para transmitir ao mundo o perdão e a paz de Deus, com a força do Espírito Santo. Este convite, disse o Papa, é dirigido também a nós e recorda as palavras de São João Paulo II: “Abram as portas”!
Nós, sacerdotes e consagrados, advertiu o Pontífice, às vezes somos tentados a nos fechar em nós mesmos, por medo ou comodidade. Jesus não gosta de portas entreabertas, de vidas duplas. Nossa vida deve ser transparente, de amor concreto, de serviço e disponibilidade à evangelização.
No Evangelho de hoje, recordou Francisco, destaca-se a figura do discípulo Tomé, que tocou com sua mão as chagas de Jesus para crer. Nós, seus discípulos, devemos pôr a nossa humanidade em contato com a carne do Senhor. Ele quer corações abertos, ternos com os fracos, dóceis e transparentes:
“O Apóstolo Tomé, em sua busca apaixonada, chegou não só a acreditar na ressurreição de Jesus, mas encontrou o sentido da sua vida, ao confessar: ‘Meu Senhor e meu Deus’, como se quisesse dizer-lhe: ‘Vós sois meu único bem, o caminho e o coração da minha vida, o meu tudo!”.
Com a transmissão do Espírito Santo aos seus Apóstolos, Jesus deixou a sua misericórdia. Poderíamos dizer que o Evangelho, livro vivo da misericórdia de Deus, que devemos ler e reler continuamente, ainda tem páginas em branco, permanece um livro aberto, que somos chamados a escrever com as nossas obras de misericórdia.
Por fim, o Papa recordou exortou os presentes a tomar o exemplo de Maria, que acolheu plenamente a Palavra de Deus na sua vida, como Mãe da Misericórdia, para que nos ensine a cuidar das chagas de Jesus nos nossos irmãos e irmãs necessitados, dos próximos como dos distantes, do enfermo e do migrante. E concluiu:
"Queridos irmãos e irmãs, cada um de nós guarda no coração uma página muito pessoal do livro da Misericórdia de Deus: a história da nossa vocação, a voz do amor que fascinou e transformou a nossa vida, pela qual deixamos tudo e a seguimos. Reavivemos hoje, com gratidão, a memória da sua chamada. Agradeçamos ao Senhor por entrar nas nossas portas fechadas com a sua misericórdia. Como Tomé, ele nos chamou por nome e nos dá a graça de continuar a escrever o seu Evangelho de amor”.
Ao término da celebração da Santa Missa da Misericórdia de Deus, o Santo Padre deu de presente ao Santuário de São João Paulo II, um crucifico de madre pérola, para ser colocado sobre o altar.
Enfim, o Papa regressou à sede do Arcebispado de Cracóvia, onde almoçou com doze jovens, representantes dos cinco Continentes. (MT)
Assista:
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Visita e oração na igreja de São Francisco, em Cracóvia

Cracóvia (RV) – Na tarde de sábado (30/7), por volta das 18h00 locais, enquanto se dirigia do Arcebispado de Cracóvia ao “Campus Misericordiae” para a Vigília de Oração com os jovens, o Santo Padre fez uma breve visita à igreja de São Francisco, situada próxima ao Arcebispado, onde são veneradas as relíquias de dois mártires franciscanos conventuais: Strzalkowski Zbigniew e Michał Tomaszek, mortos pelos guerrilheiros do "Sendero Luminoso" em agosto de 1991, em Pariacoto, Peru, e ali beatificados em dezembro de 2015, junto com o sacerdote italiano, Padre Alessandro Dordi, da Diocese de Bergamo.
Relíquias dos mártires franciscanos
Além dos frades franciscanos estavam presentes alguns membros da família dos mártires (dois irmãos e duas irmãs), como também o Superior Geral dos Franciscanos e o Superior da Casa Franciscana, onde os dois mártires viviam no Peru. O Papa recitou a seguinte oração pela “Paz e contra a violência e o Terrorismo":
“Deus Todo-poderoso e misericordioso, Senhor do universo e da história, tudo o que criastes é bom e vossa compaixão pelos erros humanos é inesgotável.
Hoje, vimos até vós para pedir-vos a salvação do mundo e a paz entre seus habitantes, longe das ondas devastadoras do terrorismo; restituí a amizade e incuti nos corações das vossas criaturas o dom da confiança e a disposição de perdoar.
Ó Doador da Vida, pedimos-vos também por todos os que morreram como vítimas dos brutais ataques terroristas. Concedei-lhes a recompensa eterna. Intercedei pelo mundo dilacerado pelos conflitos e contrastes.
Ó Jesus, Príncipe da Paz, nós vos pedimos pelos que foram feridos por atos da violência desumana: crianças e jovens, homens e mulheres, idosos, pessoas inocentes, envolvidos apenas pela fatalidade do mal. Curai seus corpos e seus corações e consolai-os com a vossa força, cancelando, ao mesmo tempo, o ódio e desejo de vingança.
Espírito Santo Consolador, visitai as famílias das vítimas do terrorismo, famílias que sofrem sem ter culpa. Protegei-as com o manto da vossa misericórdia divina. Fazei que reencontrem em vós e em si mesmas a força e a coragem de continuar a ser irmãos e irmãs, uns dos outros, especialmente dos imigrantes, testemunhando vosso amor com a própria vida.
Tocai os corações dos terroristas, para que reconheçam a maldade das suas ações e retomem o caminho da paz e do bem, do respeito pela vida e a dignidade de cada pessoa, independentemente da religião, da proveniência, da riqueza ou da pobreza.
Ó Deus, Pai Eterno, em vossa misericórdia atendei a oração que vos elevamos, entre o barulho e o desespero do mundo. Dirigimo-nos a vós com grande esperança, cheios de confiança na vossa infinita Misericórdia, confiando na intercessão da vossa Mãe Santíssima, e fortalecidos pelo exemplo dos mártires do Peru, Zbigniew e Michel, que se tornaram corajosas testemunhas do vosso Evangelho, a ponto de oferecer o próprio sangue. Pedimos-vos o dom da paz! Distanciai de nós o flagelo do terrorismo. Por Cristo nosso Senhor. Amém. (MT)
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Vigília de Oração:
Jovens, protagonistas da história

Cracóvia (RV) – Na parte da tarde deste sábado (30/7), o Santo Padre se dirigiu ao “Campus Misericordiae”, situado a 12 quilômetros de Cracóvia.
Este é lugar central dos principais eventos da JMJ, neste sábado e domingo, que são a Vigília de Oração e a Missa conclusiva da JMJ. O Campo da Misericórdia situa-se na localidade de Brzegi, uma região de atividades econômicas de Wieliczka. Trata-se de uma área de aproximadamente três mil hectares, capaz de acolher até dois milhões de pessoas. Depois da JMJ este lugar se tornará Asilo para Idosos e Centro de caridade para enfermos.
O altar no “Campus Misericordiae”, encontra-se em uma estrutura de 11 metros de altura, 150 de largura, bem visível de qualquer ponto do campo. Serão utilizados 66 autofalantes e 30 telões para uma maior participação dos jovens dos eventos conclusivos da JMJ.
Francisco e um grupo de jovens atravessam a Porta da Misericórdia
Para se chegar ao “Campus Misericordiae” foram melhorados 17 quilômetros de estradas, instaladas antenas de Wi-Fi gratuito, além de uma Capela para adoração Eucarística, pontos de informação entre outros para necessidades pessoais.
No centro do “Campus Misericordiae” foi construído um grande lago natural no qual se destaca uma “Arca de Noé”, para evocar os 1050 anos de Batismo da Polônia.
Neste local, milhares de jovens participam, na noite deste sábado (30/7), da Vigília de Oração, presidida pelo Papa Francisco, que terá como tema: “Jesus, fonte de Misericórdia”! O evento prevê alguns testemunhos pessoais dos jovens e uma cenografia, com base no tema, dividida em cinco partes: fé aos duvidosos; esperança aos desencorajados; amor aos indiferentes, perdão a quem comete o mal, alegria às pessoas tristes.
Durante a Vigília de Oração no “Campus Misercordiae”, o Papa Francisco fez um longo pronunciamento, partindo dos testemunhos de vida apresentados pelos jovens.
Referindo-se ao depoimento de Rand, um rapaz da Síria, que pedia para "rezar pelo seu amado país”, o Papa disse: “O que há de melhor, para começar a nossa Vigília, do que rezar?
Viemos de várias partes do mundo, de continentes, países, línguas, culturas e povos diferentes. Somos «filhos» de nações que, talvez, estejam em paz ou, talvez, em guerra.
Neste sentido, Francisco convidou os presentes a rezar pelos sofrimentos das vítimas da guerra, embora nada justifica o sangue derramado de um irmão. A nossa resposta a este mundo em conflito tem um nome: fraternidade, irmandade, comunhão, família.
Aqui, pediu aos jovens presentes para fazer um momento de silêncio e rezar (pausa).
A seguir, o Pontífice recordou a imagem dos Apóstolos no dia de Pentecostes. Eles estavam fechados no Cenáculo, com medo e ameaçados pelo ambiente circunstante. Naquele contexto, aconteceu algo de espetacular e grandioso: a vinda do Espírito, que os impeliu a uma aventura impensável.
Os jovens, que acabaram de partilhar conosco as suas experiências, pareciam os discípulos, que temeram e se fecharam. Ficaram paralisados!
Com Jesus somos capazes de contagiar os demais com a alegria, que nasce do amor e da misericórdia de Deus; devemos vê-lo no faminto, no sedento, no maltrapilho, no doente, no amigo em perigo, no encarcerado, no refugiado, no migrante, no próximo solitário.
Deus, frisou Francisco, quer abrir as portas das nossas vidas. O mundo de hoje pede-nos para ser protagonistas da história. A história pede-nos para defender a nossa dignidade e o nosso futuro.
O Senhor, com o dia de Pentecostes, realiza em nós um dos maiores milagres: torna-nos sinais de reconciliação, de comunhão, de criação. Ele quer que as nossas mãos sejam suas mãos para construir um mundo novo.
O Senhor, concluiu o Papa, aposta no nosso futuro; Ele nos convida a deixar a nossa marca no mundo e na vida, que determina a história humana.
Logo, o Santo Padre exortou a juventude, presente em Cracóvia, a saber viver na diversidade, no diálogo, na partilha; a ter coragem de construir pontes e de abater os muros!
Por fim, como sinal de unidade, o Papa pediu aos jovens para dar-se as mãos, para formar uma grande ponte de fraternidade e amizade!
Ao término do pronunciamento do Pontífice, foi exposto sobre o altar do “Campus Misericordiae” o ostensório com o Santíssimo Sacramento para a adoração dos presentes.
Recordamos que amanhã, domingo, no mesmo “Campus Misericordiae”, o Papa Francisco presidirá à Santa Missa de encerramento da JMJ, da qual concelebrarão cerca de 1.200 bispos e 15 mil sacerdotes.
O discurso previsto do Santo Padre, sem os acréscimos improvisados, pode ser lido, clicando o link(MT)
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                                                                                                  Fonte: radiovaticana.va

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Leituras do

18º Domingo do Tempo Comum


1ª Leitura: Ecl 1,2;2,21-23
“Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade”. Por exemplo: um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso, vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é vaidade e grande desgraça.

De fato, que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol? Toda a sua vida é sofrimento, sua ocupação, um tormento. Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade.
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Salmo: 89
 Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.
 Vós fostes, ó Senhor, um refúgio para nós.
 Vós fazeis voltar ao pó todo mortal,/ quando dizeis: “Voltai ao pó, filhos de Adão!”/ Pois mil anos para vós são como ontem,/ qual vigília de uma noite que passou.
 Eles passam como o sono da manhã,/ são iguais à erva verde pelos campos:/ de manhã ela floresce vicejante,/ mas à tarde é cortada e logo seca.
 Ensinai-nos a contar os nossos dias,/ e dai ao nosso coração sabedoria!/ Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis?/ Tende piedade e compaixão de vossos servos!
 Saciai-nos de manhã com vosso amor,/ e exultaremos de alegria todo o dia!/ Que a bondade do Senhor e nosso Deus/ repouse sobre nós e nos conduza!/ Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho.
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2ª Leitura: Cl 3,1-5.9-11
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória.
Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria.
Não mintais uns aos outros. Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento.

Aí não se faz distinção entre judeu e grego, circunciso e incircunciso, inculto, selvagem, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos.
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Evangelho:  Lc 12,13-21
Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”.
Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?”
E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”.
E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’.
Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e fazer maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda esta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’

Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”.

Reflexão
Riqueza insensata
A liturgia de hoje ensina a vaidade da riqueza. Para que tanto trabalhar, se nada podemos levar e devemos deixar o fruto de nosso trabalho para outros (1ª  leitura)? Os pais arrecadam, os filhos aproveitam, os netos põem a perder… No evangelho, Jesus ilustra essa realidade com a parábola do homem que chegou a assegurar sua vida material, mas na mesma noite iria morrer … Quem é materialista e só quer conhecer os prazeres deste mundo, para este o ensinamento de Jesus é indigesto, mas nem por isso deixa de ser verdade. Não levamos nada daqui. As riquezas materiais não têm valor duradouro, nem podem ser o fim ao qual o homem se dedica.
Talvez o consumismo de hoje tenha isto de bom: lembra-nos essa precariedade. O produto que compramos hoje amanhã já saiu da moda, e depois de amanhã nem haverá mais peças de reposição para consertá-lo. Nossa nova TV estará fora de moda antes que tivermos completado as prestações … Por outro lado, esse consumismo é grosseira injustiça, pois gastamos em uma geração os recursos das gerações futuras. Se as coisas valem tão pouco, melhor seria não as comprar, e voltar a uma vida mais simples e mais desprendida. Haveria recessão econômica, mas também haveria menos necessidade de dinheiro para ser gasto.
A caça à riqueza material é um beco sem saída. A razão por que se insiste em produzir sempre mais é que os donos do mundo lucram com a produção, sobretudo das coisas supérfluas que enchem as prateleiras das lojas. Para vender esses supérfluos, criam nas pessoas a necessidade de possuí-las, mediante a publicidade na rua, no jornal e na televisão. Quando então as pessoas não conseguem adquirir todas essas coisas, ficam irrequietas; quando conseguem, ficam enjoadas; e nos dois casos aparece mais uma necessidade: a psicoterapia …
A “sabedoria do lucro” é injusta e assassina. Leva as pessoas a desconsiderar os fracos. Um proeminente político deste país disse que “quem não pode competir não deve consumir” … O sistema do lucro e do desejo sempre mais acirrado precisa manter as desigualdades, pois parte do pressuposto que todos querem superar a todos. Tal sistema é “intrinsecamente pecaminoso”, disseram os papas Paulo VI e João Paulo II.
Ser rico, não para si, mas para Deus … Não amontoar riquezas que na hora do juízo serão as testemunhas de nossa avareza, injustiça e exploração (cf. Tg 5,1-6), mas riquezas que constituam a alegria de Deus!
Não adianta muito discutir se a produção tem que ser capitalista ou socialista, enquanto não se tem claro que o ser humano não existe para a produção, e sim a produção para o ser humano. E este, se for sábio, tentará precisar dela o menos possível.
                                    Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
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                                               Reflexão e ilustração: franciscanos.org.br   Banner: cnbb.org.br